quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Autoritário, Crispado, Despótico, Irritado, Enervado, Detestando ser contrariado."


"Autoritário, Crispado, Despótico, Irritado, Enervado, Detestando ser
 contrariado."

 
JOSÉ SÓCRATES SEGUNDO ANTÓNIO BARRETO!...
 NÃO SE TRATA DE CARICATURA!...
 É FOTOGRAFIA A PRETO E PRETO!...

 


 
'Sócrates, o ditador'
 
por António Barreto
 
Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração.
 Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas,
 contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal, ao ponto de, com
 zelo, se exceder.
 Prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar.
 Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido.
 Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que
 se pode governar sem políticos.
 
Onde estão os políticos socialistas ?
 
Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são
 responsáveis pelo seu passado?
 Uns saneados, outros afastados.
 Uns reformaram-se da política, outros foram encostados.
 Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão.
 Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro.
 Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas
 empresas que dependem do Governo.
 Manuel Alegre resiste, mas já não conta.
 Medeiros Ferreira ensina e escreve.
 Jaime Gama preside sem poderes.
 João Cravinho emigrou.
 Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção,
 que o socialismo ainda existe.
 António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão.
 Almeida Santos justifica tudo.
 Freitas do Amaral, "ofereceu-se, vendeu-se" e reformou-se !
 Alberto Martins apagou-se.
 Mário Soares ocupa-se da globalização.
 Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores.
 João Soares espera.
 Helena Roseta foi à sua vida independente.
 Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância.
 O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado.
 Os sindicalistas quase não existem.
 O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga
 pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do
 governo e da luta contra o défice.
 O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso
 do que a meditação budista.
 
Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento
 público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos
 políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
 
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates.
 Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião,
 mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento.
 Mas nada de essencial está em causa.
 
Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente.
 As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura 
diversão.
 Não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada
 têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o
 primeiro-ministro.
 É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais.
 
Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o
 incomodou realmente.
 Mas tratava-se, politicamente, de uma questão menor.
 Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo
 estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
 
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário, Crispado, Despótico,
 Irritado, Enervado, Detestando ser contrariado.
 Não admite perguntas que não estavam previstas ou antes combinadas.
 Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber.
 Tem os seus sermões preparados todos os dias.
 Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de
 informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação.
 O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade,
 nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na
 teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob
 seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um
 funcionário que se exprimiu em privado.
 O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive,
 feito já de medo e apreensão.
 A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de
 cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa.
 A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação.
 As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm
 de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
 Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e
 sem oposição à altura, Sócrates trata de si.
 Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns
 interesses económicos, Sócrates governa.
 Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de
 secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas
 últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do
 Estado.
 Nomeia e saneia a bel-prazer.
 
Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos.
 É possível.
 Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De
 incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta
 de carinho dos portugueses pela liberdade.

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