terça-feira, 22 de setembro de 2009

O BLOCO NA MIRA DO GRANDE CAPITAL



Não é novidade para ninguém que os grandes órgãos de comunicação social de Portugal e, provavelmente, a maioria das rádios locais e imprensa regional defendem – conscientemente ou não – os interesses do grande capital. Isto, independentemente, da existência de muitos jornalistas que, com grande risco de manutenção do seu posto de trabalho, tentam manter uma arrojada independência, chamando os bois elos nomes. Sejamos claros, até na televisão pública assim acontece. Por que razão, a RTP tem dois comentadores políticos com posições ideológicas perfeitamente determinadas na área do neoliberalismo, embora um deles pertença a um partido da esquerda soft? Marcelo Rebelo de Sousa e António Vitorino, ainda no activo, politicamente falando defendem posições muito próximas, divergindo, apenas, no estilo. Um canal de televisão pago com o dinheiro dos contribuintes difunde as posições dos dois principais partidos da cena política portuguesa, sendo os restantes, pura e simplesmente, marginalizados, em especial, os que se encontram à esquerda do PS. E, ninguém se importa com isto nem fala em asfixia democrática…

Quanto à imprensa escrita, encontra-se um ou outro jornalista de esquerda, apenas, para compor o ramalhete dos colaboradores, não esquecendo que muitos leitores de jornais são gente de esquerda. Assim, nesta imprensa, os lugares chave são ocupados por gente sempre gente sempre pronta a atacar forças como o Bloco e a CDU.

Com a credibilidade em alta, perante os eleitores, e as intenções de voto a crescerem, o BE, em especial, é o alvo a abater. Todas as oportunidades são boas, mesmo as mais ridículas. Por isso, o melhor que se pôde arranjar foi uma aparente contradição entre as posições do Bloco em relação aos PPR e a prática de alguns dos principais dirigentes.

A notícia principal do Expresso de 19/9/09 é: Bloco é contra… mas Louçã investiu PPR.

Lido o desenvolvimento da notícia e consultados os acusados, verifica-se que a montanha pariu um rato. Como diria o poeta algarvio António Aleixo, a mentira, para atingir melhor os seus fins, “tem de trazer à mistura qualquer coisa de verdade”.

Os pecados dos dirigentes do Bloco, no que diz respeito a poupanças, são os seguintes:

  • Os 30 mil euros, “poupanças de uma vida inteira”, de Louçã foram transferidos, em 2008 do PPR para um sistema de certificados de reforma pública porque “dão zero, só dão comissões aos bancos”;
  • Ana Drago tem mil euros em acções da PT;
  • Joana Amaral Dias não tem acções da EDP:
  • Miguel Portas 1790 num PPR;
  • Fernando Rosas, Mariana Aiveca e Alda Macedo têm cerca de 8 mil euros cada em PPR.

Enfim, os números falam por si mas, acima de tudo, todos votaram em consciência contra os seus interesses privados, em favor do interesse público. “Não há telhados de vidro no Bloco de Esquerda” como afirmou Louçã.

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