sábado, 17 de outubro de 2009

OPINIÃO (VI)


O dia seguinte

Terminou, finalmente, a que foi, talvez, a maior maratona de eleições da história da democracia portuguesa. Nos últimos seis meses, o tema principal de toda a comunicação andou sempre à volta das eleições.

Notava-se, claramente, que o cidadão comum já estava farto de ver tratado o mesmo tema, todos os dias, nos telejornais, na comunicação social escrita e na rua. Na maioria dos casos, as opções já estavam tomadas há muito tempo e, pouca coisa havia a alterar.

Veio, mais uma vez, provar-se que as três eleições que se realizaram desde Junho não tiveram nada a ver, umas com as outras. Que o diga o Bloco de Esquerda cujos excelentes resultados nas duas primeiras eleições não tiveram qualquer continuidade nas autárquicas. A evolução verificada não satisfaz as expectativas dos muitos simpatizantes e aderentes desta força política.

Alguns adversários/inimigos do Bloco apressaram-se, de imediato, a proclamar o seu funeral político. Expressões como “foram os grandes derrotados”; “o que está na moda, depressa sai da moda” ou “deliciosa derrota” fazem parte do foguetório que tem vindo a ser atirado por essas personagens.

De qualquer maneira, o resultado das eleições autárquicas de 11 de Outubro deve conduzir-nos a uma reflexão ponderada para compreendermos o que, de facto, aconteceu e não fazermos a vontade aos nossos adversários, embarcando num derrotismo sem sentido. Não há qualquer razão para passarmos do oitenta para o oito. Sem qualquer ordem de prioridade, consideremos, assim, os seguintes pontos:

  1. O Bloco de Esquerda é uma força jovem, com excelentes quadros a nível central mas, ainda, algo imatura perante o eleitorado, a nível local. Foi uma luta muito desigual perante forças partidárias muito implantadas no terreno. Há uma tendência para se votar em quem já se conhece, mesmo que com algumas reservas.
  2. Verificou-se uma polarização do “voto útil”, numa tendência para o mal menor.
  3. Há uma visão presidencialista das autarquias. Tende a votar-se na figura do presidente em exercício.
  4. Muita da obra feita nos últimos anos pelos candidatos bloquistas quase não chega ao conhecimento dos eleitores, em muitos casos, por via do controlo da informação. O que se passou em Portimão é um bom exemplo. O PS local portou-se como que dono e senhor dos ecrãs gigantes, instalados em todo o concelho, para além do que se passa com a comunicação social escrita…
  5. Não podemos esquecer que teve lugar uma significativa expansão territorial das candidaturas do Bloco de Esquerda e um aumento do número de candidatos e candidatas nestas autárquicas. Contudo, ainda há muito para fazer neste aspecto. Estamos, por assim dizer, só a começar.
  6. Houve um crescimento do número de votos no BE acompanhado de um aumento, ainda que, ligeiro do número de novos autarcas eleitos, relativamente a 2005.

Desde que nasceu, o Bloco tem vindo sempre a progredir eleitoralmente. Os seus aderentes e simpatizantes habituaram-se a um permanente sucesso mas não nos devemos esquecer que, na política como na vida, nem sempre tudo corre conforme os nossos desejos. Não há que desanimar e continuar a ir à luta porque, quem vai à luta, tanto pode ganhar como perder mas quem não vai, perde sempre. Quando rejubilam com um fracasso do BE e quando lhe desferem ferozes ataques, são os seus próprios adversários que reconhecem a sua força.

Luís Moleiro Santos, aderente do BE


Nota: opinião exclusiva do autor. A análise dos resultados será transmitida brevemente.

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