domingo, 22 de novembro de 2009

QUE FUTURO PARA O ENSINO?


Nos dias que correm, uma nova esperança se levantou com a substituição da Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues – de má memória – pela escritora de livros infanto-juvenis, Isabel Alçada. Parece ser uma pessoa mis aberta ao diálogo com os professores, também graças à perda da maioria absoluta do PS. De qualquer maneira, muito do mal que foi feito ao sistema de ensino em Portugal já é irreversível. Exemplo é a aposentação de muitos dos docentes com maior experiência, mesmo com fortes prejuízos financeiros.

Durante toda uma legislatura houve uma linha mestra que o Governo Sócrates seguiu, apontando em duas direcções: poupar uns milhões de euros e subjugar, para sempre, os professores. A principal tarefa dos docente – ensinar – passou a ser substituída pela de amanuenses de formulários sem fim. Será possível ir, ainda, a tempo de reverter esta situação de funcionalização a que se pretendeu submeter os professores?

Partindo desta questão, achei interessante partilhar com os frequentadores deste blog – nomeadamente professores – o seguinte excerto deu um artigo de opinião do professor universitário Amadeu Carvalho Homem, inserido no Diário de Coimbra de 17/11/2009:

“Hoje, um Professor do ensino secundário não tem espaço psicológico nem tempo mental para reflectir sobre a sua missão, para preparar cuidadosamente a sua aula, para auscultar as suficiências deste aluno brilhante, que urge promover, ou os défices daquele outro aluno deficitário, que importa amparar. Também não lhe é consentida margem de manobra para frequentar colóquios, congressos ou acções de formação, a menos que essas extravasem os tempos “obrigatórios” reservados à Escola, como se nesta se esgotassem todas as oportunidades de valorização. A tutela, na ânsia de funcionalizar esta bolsa de docentes, ajouja-lhe a missão com o preenchimento de formulários cretinos, de tabelas rombas, de inquéritos imbecis, de levantamentos fantasmáticos. E tudo isto já converteu a nobilíssima missão do ensino numa ópera bufa de Offenbach, onde nem sequer falta um General Boum, ventrudo e crasso, assumindo habitualmente a forma de um Secretário de Estado, que opina, entre flatulências de estômago ou de ventre, que “estes professorzecos precisam de ser metidos na ordem”. Uma Pátria digna de si, honra os seus Docentes como o mais precioso capital do futuro. Uma coelheira malcheirosa e desqualificada converte os seus papagueadores de livros únicos numa cáfila de serventuários babosos, de rojo perante os manipansos do Poder. O que o Engenheiro Sócrates tem de informar – e depressa – é se quer ser Primeiro-Ministro de uma Nação ou de uma capoeira. É que, Senhor Primeiro-Ministro, todos nós sabemos que há quem prefira o bónus do ensino feito à pressa. Há que lhe perguntar para que lado propende a sua opção. Quer responder?”

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