quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Com a greve à vista, os patrões recuaram nas 60h semanais

Com a ameça da greve na véspera de Natal, os patrões recuaram na proposta da semana de trabalho com 60h nos hipermercados. Foto Monica Arellano-Ongpin/Flickr
Os trabalhadores do Comércio decidiram retirar o pré-aviso de greve para 24 de Dezembro, uma vez que a APED já recuou na proposta. O Bloco quer alterar o Código do Trabalho para impedir o alargamento das 40 horas de trabalho semanais para 60.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), disse o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), voltou atrás na intenção de garantir a hipótese de colocar os trabalhadores da distribuição em serviço até 60 horas por semana e até 12 horas diárias. Nesse sentido, o sindicato decidiu esta tarde retirar o pré-aviso de greve para 24 de Dezembro.

Elisabete Santos, do CESP, em declarações ao Jornal i, afirmou que agora “Estão reunidas as condições para começarmos a negociar”, prometendo agora que o CESP irá focar-se nas actualizações salariais de 2010 e saudou “a mobilização” dos trabalhadores do sector,

Umas horas antes deste anúncio, o Bloco de Esquerda apresentou uma alteração ao Código do Trabalho para impedir o alargamento das 40 horas de trabalho semanais para 60, considerando que a eventual aplicação desta proposta pelas entidades patronais seria “um regresso ao século XIX".

"O anterior Governo do PS, particularmente o ministro Vieira da Silva, quando discutiu o Código do Trabalho, invocou muito a conciliação da vida familiar e pessoal com a vida profissional, mas a verdade é que produziu um código que nesta matéria é um autêntico veneno", afirmou a deputada do Bloco, Mariana Aiveca, no final de uma reunião com o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal.

Para a deputada bloquista, esta medida representa um retrocesso de civilização e uma afronta à luta que gerações e gerações travaram para este horário de trabalho de 40 horas ser estabelecido.

"Nós não aceitamos que, de um dia para o outro, qualquer patrão venha dizer ao trabalhador que amanhã tem de trabalhar doze horas. Isto não é conciliação da vida pessoal e familiar com a vida profissional, isto é exactamente o regresso às leis do século XIX", afirmou mariana Aiveca, em declarações à Lusa. Na proposta do Bloco está estipulado "um mínimo obrigatório de 14 horas" de intervalo para os trabalhadores.

A representante do sindicato que reuniu com o Bloco, Célia Lopes, defendeu que não é possível que as pessoas aguentem estes ritmos de trabalho, nem é possível garantir a qualidade dos serviços com a eventual aplicação das 60 horas.

A sindicalista criticou ainda outra das propostas das entidades patronais que diz ser “acabar com qualquer limite” na contratação de trabalhadores por abertura de novo estabelecimento comercial, dizendo à Lusa que "Estamos a falar de empresas que abrem novos estabelecimentos como cogumelos e então, sempre que há uma nova abertura, todos os trabalhadores possam ser contratados a prazo durante dois anos e ao fim desses dois anos, sem qualquer motivo explicativo, possam ser despedidos".

Ler mais em Bloco denuncia a imposição das 60 horas semanais e Trabalhadores dos hipermercados vão entrar em greve.

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