sexta-feira, 26 de março de 2010

Fernando Sobral- Sons of a Fitch

Somos todos filhos da Fitch. E seremos todos netos da dívida. Não é preciso uma bola de cristal para adivinhar o presente ou o futuro: as agências de "rating" são os nossos videntes. São elas que viram a carta do nosso futuro e viram a cara ao sofrimento dos povos. São zombies que, como num filme de George Romero, cirandam pelo mundo, sem utilizar demasiado os neurónios, com uma única função: diminuir a saúde financeira dos seres humanos. A estes resta uma solução: barricarem-se à espera de uma salvação. Somos filhos da Fitch e dos seus acertos e desacertos. Somos filhos quando eles, com as suas notas, promovem o tumulto das bolsas e do euro. Somos enteados, quando eles, depois de se terem enganado com a Islândia ou o Lehman Brothers, continuam por aí a fabricar o medo. A Fitch e as suas irmãs inspiraram as suas notas no mundo da última fronteira: os westerns onde se multiplicavam os ranchos Triple A e Triple J. Por isso acham que os países e os povos são penitentes sujeitos à sua lei das notações. Ao menos, no oeste americano, no mundo do mais forte, dava-se um tiro no desprotegido e este não sofria mais. Não percebemos, no entanto, porque é que no mundo dos filhos da Fitch são mais iguais do que os outros. E porque é que é sempre o filho americano que é protegido. Como filhos da Fitch também não percebemos porque é que sendo eles xerifes por conta própria, não têm um "marshall" que os analise. E lhes dê notas segundo o seu comportamento. Compreende-se que o Governo português seja um bom filho da Fitch. Não se percebe porque a UE ainda o é.

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