sábado, 26 de fevereiro de 2011

PACTO DE SILÊNCIO?

Numa palestra que proferiu no final da semana passada na sede de Coimbra do PSD, o deputado Pacheco Pereira (PP) afirmou que, na quarta-feira dia 16 de Fevereiro, Portugal esteve à beira da bancarrota quando o Governo lançou no mercado mil milhões de euros da dívida pública. Nessa emissão “houve enormes dificuldades antes do Banco Central Europeu (BCE) desatar a comprar dívida para nos salvar o pescoço”. Para reforçar a sua afirmação, o deputado do PSD recordou as reuniões que o P.R. teve em dois dias com todos os banqueiros nacionais, as conversas com o presidente da Comissão Europeia e com o Ministro das Finanças quando o país estava em “plena crise económico-financeira”.
Perante afirmações tão graves, o Diário de Coimbra foi saber a opinião do reputado economista, José Reis, Director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, que desvalorizou a situação afirmando que apenas “houve menos procura na compra da dívida que o Governo colocou no mercado”. De qualquer maneira, José Reis não deixou de afirmar que a situação que se vive actualmente é “muito séria”.
A verdade é que, curiosamente, as afirmações de PP não tiveram qualquer eco na comunicação social a nível nacional, tendo em atenção a gravidade de que se revestiam.
Entretanto, numa conferência promovida pela Fundação Inês de Castro e que ontem teve lugar no Hotel Quinta das Lágrimas, Marques Mendes (MM) confirmou as declarações de PP reafirmando que no dia 16 de Fevereiro o nosso sistema financeiro ficou bloqueado e, se não tivesse havido uma intervenção do BCE, ficaríamos em grandes dificuldades. Mas, quem estava presente ficou com a ideia de que também MM procurou desvalorizar a situação.
Juntando tudo o que se vai ouvindo com o que fica por dizer, a sensação que resta é que algo nos está a ser escondido, numa espécie de pacto de silêncio tácito que envolve políticos de vários quadrantes e comunicação social.
A única forma de não sermos apanhados desprevenidos quando o cataclismo chegar é redobrarmos a atenção para o que se vai passando à nossa volta.


Luís Moleiro

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