quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SINAIS DE FOME

1.Os principais canais de televisão abrem, frequentemente, os seus telejornais com notícias de assaltos a ourivesarias ou máquinas multibanco que envolvem quantias avultadas e são praticados por grupos de profissionais do crime. São situações que fazem as delícias de alguns meios de comunicação social que exploram até á exaustão o sensacionalismo mais desbragado. Têm o seu significado mas esse raramente é referido.
A edição on line de um jornal regional referia hoje que um homem de 38 anos foi detido, em flagrante delito, a furtar pregos de uma linha de comboio. É de referir que a dita linha se encontra desactivada para obras. No momento da detenção, o larápio tinha em sua posse um total de 775 pregos assim como algumas ferramentas para levar a cabo o furto. Como se sabe, o ferro (material dos parafusos) é pouco valioso mas facilmente comercializável. Os 200 Kg apreendidos renderiam, por isso, uma quantia pouco avultada.
O que tem significado nesta história é que um furto deste tipo, com os riscos que corre, não pode ser levado a cabo senão para colmatar necessidades básicas, eventualmente comida. Não é suposto que alguém ande a acarretar para casa parafusos de ferro de uma linha de comboio, um material pesado, pouco valioso e de difícil transporte senão na intenção de obter algum dinheiro para satisfação de carências fundamentais.

2.Estão a chegar a alguma imprensa denúncias de associações de apoio com a APAV segundo as quais há cada vez mais famílias a retirar idosos dos lares para que possam beneficiar das suas pensões de reforma. Trata-se de uma realidade que prolifera a coberto da penúria nos apoios sociais e do aumento da insustentabilidade económica das famílias. É mais um exemplo que deve dar que pensar àqueles que acham que os apoios sociais só servem para fomentar a preguiça nos cidadãos…


Luís Moleiro

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