domingo, 20 de março de 2011

A AUSTERIDADE NÃO É PARA TODOS

Numa altura em que o denominado PEC 4 (cuja designação transporta consigo uma brutal incongruência na medida em que a sua aplicação não tem trazido nem estabilidade nem crescimento), com uma violência social sem limites, congela as pensões mais baixas em nome de uma decantada austeridade para garantir um défice público de 4,6% do PIB em 2011, 3% em 2012 e 2% em 2013, convém recordar os vencimentos obscenos dos gestores de algumas das maiores empresas públicas do país. E, para nos chocarmos ainda mais, podemos usar como termo de comparação o que ganham conhecidas entidades internacionais. Os valores indicados são em euros.
Assim:

O Presidente dos Estados Unidos (EUA) recebe, por ano, cerca de 300 mil. O Presidente da TAP recebeu, em 2009, mais de 600 mil – um valor equivalente a 55,7 anos de salário médio de cada português.
O Vice-Presidente dos EUA recebe, por ano, cerca de 208 mil. Um Vogal do Conselho de Administração da TAP recebeu, em 2009, mais de 480 mil.
A Chanceler alemã ganha, por ano, cerca de 220 mil. No mesmo período, o Presidente da CGD ganha mais de 560 mil – o equivalente, por mês, a 50 anos de salário médio de cada português.
O Primeiro-Ministro português recebe, por ano, cerca de 100 mil. O Presidente do Conselho de Administração da Parpública (empresa onde estão parqueadas algumas das mais relevantes participações empresariais portuguesas) recebeu, praticamente, 250 mil – o equivalente a 22,3 anos de salário médio de cada português e duas vezes e meia mais que o próprio Primeiro-Ministro.
O Presidente da República recebe cerca de 140 mil por ano. O Presidente do Conselho de Administração da empresa Águas de Portugal recebeu mais de 205 mil – o equivalente 18,4 anos de salário médio de cada português.
O Presidente francês recebe, aproximadamente, 250 mil por ano. O Presidente do Conselho de Administração dos CTT recebeu mais de 330 mil – o equivalente a 30 anos do salário médio de cada português.
O Primeiro-Ministro inglês recebe cerca de 250 mil por ano. O Presidente do Conselho de Administração da RTP auferiu mais de 254 mil – o equivalente a 22,7 anos de salário médio de cada português.

Luís Moleiro

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