domingo, 22 de maio de 2011

O QUE FICA DE UM DEBATE

Como seria de esperar, o último debate televisivo entre Sócrates e Passos Coelho foi muito pobre em ideias e em soluções para os problemas do país. Portugal e os cidadãos têm uma importância secundária perante o conjunto de interesses centrados na tomada do poder por qualquer dos grupos que estes dois sujeitos representam. E a prova está em que, depois de 31 actos eleitoras desde o 25 de Abril de 1974, se os portugueses olharem á sua volta encontram poucos sinais do paraíso que os partidos do chamado arco do poder lhes têm proporcionado. Os problemas que Portugal agora atravessa reflectem má gestão ao longo das últimas décadas e não são apenas resultantes da crise internacional como nos querem fazer crer os seus principais responsáveis.
Por sua vez, os “comentadores” (naturalmente entre aspas) – sempre os mesmos – que os canais televisivos convocam, têm essencialmente origem nos corredores partidários da ideologia dominante, revelando a promiscuidade existente entre alguns círculos de imprensa e políticos no activo. Basta ver a sua preocupação em garantir, de imediato, que foi A ou B quem venceu o debate como se se tratasse de um combate de box. Nem, ao menos, fazem um esforço para não revelarem tão desavergonhadamente as suas simpatias partidárias. Para os espectadores que gostariam de ouvir várias opiniões com alguma isenção acabam, naturalmente, por desistir. É claro que isto leva a que se perca a ocasião de fazermos crescer a nossa indignação perante abjectas afirmações como a que comporta o mais despudorado ataque ao Estado Social através de uma insuportável indiferença pelo sofrimento alheio: “mas porque é que uma pessoa no interior acha que, por se sentir mal, tem de ter uma ambulância à porta para a levar ao hospital mais próximo? Então não tem vizinhos?”
Comentários para quê? Apenas uma chamada de atenção para aqueles que pensam que esta é a opinião tresloucada de um jornalista. Nada mais errado! Ele é apenas o porta-voz daqueles que constituem o arco do FMI (PS/PSD/CDS). Esta é que é a realidade.

Luís Moleiro

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