quinta-feira, 2 de junho de 2011

DIFERENTES SÓ NA APARÊNCIA

É, sem sombra de dúvida, uma situação inédita em Portugal, e muito provavelmente no resto do mundo, que três partidos políticos com designações diferentes e aparência ideológica distinta (aparência!) vão a votos com o mesmo programa.
PS, PSD e CDS têm como programa eleitoral aquele que a troika impôs e é com ele que irão actuar no palco governativo português. Usando uma linguagem totoboleira, é claro que a troika jogou pelo seguro numa tripla, amarrando os três partidos a um compromisso que nos irá levar ao descalabro. E eles sabem que assim vai acontecer, razão pela qual arredaram do debate eleitoral as medidas que irão aplicar, fugindo do esclarecimento como o diabo foge da cruz. Mas os portugueses parecem não ter, ainda, dado por isso, prova de que a máquina de propaganda neoliberal tem funcionado em pleno. Aliás, basta ligar uma televisão para o sentirmos.
Para o tripé PS/PSD/CDS a campanha eleitoral tem sido o que de mais confrangedor se poderia esperar. À falta de programa com que possam confrontar-se, agarram-se a minudências para se atirarem ao adversário como se de coisas importantes estivessem a tratar.
As badaladas da meia-noite de sexta-feira constituirão, de modo seguro, um momento de alívio para esta gente. Representar uma farsa em sessões contínuas durante tanto tempo deve ser cansativo, pensará o comum cidadão incapaz de aldrabar seja quem for.
O texto de excelente qualidade que Daniel Oliveira publica hoje no “Expresso” online e no blog Arrastão é mais um alerta para o logro a que, impunemente, estamos a ser conduzidos.
Começa assim:
“Um privilégio destas eleições: conhecemos o programa que PS, PSD e CDS vão seguramente aplicar. Um esconde-o, outro orgulha-se dele e quer mais e o outro passeia barretes e não se compromete com nada. Mas está escrito, traduzido e assinado.” (…)

Luís Moleiro

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