quinta-feira, 9 de junho de 2011

OS POBRES, ESSES MALANDROS

A popularidade que a dra. Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA), goza nos meios de comunicação social do regime dava para desconfiar sobre o seu pensamento acerca do Estado Social.
A entrevista que concedeu à TSF no último domingo, veio colocar a descoberto que esta senhora defende claramente a caridadezinha em detrimento da justiça social. Em dia de eleições, as declarações da dra. Isabel Jonet passaram despercebidas mas é bom que todos estejamos alerta para o que a presidente do BA pensa sobre a condição de quem é pobre e o que considera ser o “efeito perverso” do Estado Social. Usa claros argumentos malthusianos: “Se os pobres forem apoiados na sua pobreza, tornam-se indolentes – recusam o salário e o trabalho assalariado.
Com afirmações deste teor e com a exposição mediática que está ter, não nos podemos admirar que esta responsável venha a transitar para algum cargo mais elevado…
Estamos, mais uma vez, perante a insuportável hipocrisia de uma personalidade que, dirigindo uma organização de apoio aos pobres, desconfia deles mesmo perante uma realidade tão crua como a que nos cerca.
Será que a culpa da pobreza é dos próprios pobres?
Mais de metade da população mundial passa fome. Será que toda esta gente é culpada da sua condição, sabendo-se que, na maioria dos casos não goza de qualquer apoio social?
Não tenhamos a mais pequena dúvida de que a fome, que anda de braço dado com a pobreza, tem tudo a ver com a má distribuição da riqueza. No início do séc. XXI, a produção agropecuária mundial dava para alimentar cerca de 9 mil milhões de seres humanos enquanto nessa altura a população era de pouco mais de 6 mil milhões. O problema é que as pessoas não possuem o dinheiro suficiente para suprir as suas necessidades básicas.
Em Portugal, a divulgação de ideias adversas ao Estado Social por personalidades de algum relevo na sociedade, vêm mesmo a calhar quando se pretende reduzir ao máximo o RSI, o subsídio de desemprego e toda a espécie apoios sociais aos mais pobres. Nada acontece por acaso!

Luís Moleiro

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