terça-feira, 13 de setembro de 2011

LIGA DOS AMIGOS DO SNS? SIM, OBRIGADO!

O Serviço Nacional de Saúde está a ser alvo de um monumental ataque que visa o seu desmantelamento, de modo a transformar em negócio a maior parte das necessidades de saúde dos portugueses ou seja, a parte susceptível de proporcionar grandes negócios já que a restante, a que não dá lucros continuará a cargo do Estado. É sempre assim e não é preciso ser-se economista ou conhecer muito bem os meandros da política para se perceber onde um governo com a marca ideológica do PSD/CDS quer chegar.
O texto seguinte – transcrevemo-lo do “Diário de Coimbra” de hoje e é da autoria do Presidente da Direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra – vem na altura certa se quisermos chegar a tempo de impedir a destruição do que de melhor obtivemos com o 25 de Abril. A sua proposta, alem de exequível, faz todo o sentido. Mãos à obra!

Liga dos Amigos do Serviço Nacional de Saúde
O Serviço Nacional de Saúde vai fazer, no dia 15 de Setembro, 31 anos. Apesar de ser jovem adulto a sua saúde é motivo de preocupação. Com efeito, os tempos não estão de feição e teme-se que mais do que uma simples virose venha a ser atingido por grave maleita, pelo que todos aqueles que o desejam forte e saudável não podem deixar de estar preocupados com as ameaças à sua integridade e à sua saúde.
Filho dilecto de Abril tem sido protagonista na melhoria da nossa qualidade de vida e instrumento determinante de coesão social. Os seus méritos são conhecidos e se, como todas as organizações humanas, tem defeitos, a verdade é que, tudo o que lhe devemos, supera em muito aquilo que lhe possamos recriminar.
Universal, geral e tendencialmente gratuito é o grande pilar de um sistema de saúde que emergiu com a liberdade e a democracia. Reflectindo um sentido de generosidade interclassista, ajudou a evitar mais mágoas e mais dores, perante as injustiças e as distâncias económicas e culturais herdadas do passado mas também forjadas no presente.
Mais do que qualquer auto-estrada levou a encontros de informação e prestação de cuidados de saúde, com a consequente partilha de expectativas mais igualitárias de esperança de vida. Assumiu-se, desde o primeiro sopro de vida, como um apóstolo da disseminação da ciência e das técnicas mais sofisticadas, no campo da saúde, pelos difíceis caminhos das periferias, onde ainda não há muitos anos prevaleciam tisanas e abandonos.
Já em tempo se viu alvo de um ataque que felizmente acabou por ser debelado, mas hoje vive uma situação de risco muito elevado, em que, sob a capa de reais dificuldades financeiras e de necessidade de adaptações e melhorias organizacionais, se vislumbram transformações radicais, determinadas por visões contrárias à sua natureza e estatuto.
O verdadeiro problema é de uma inversão de papéis em que o SNS deixe de ser o elemento fundamental do Sistema de Saúde e consequentemente o garante da universalidade e generalidade de prestação de serviços de saúde para o tornar num serviço reduzido, disperso, tecnicamente desqualificado, destinado a “pobres e indigentes”.
Simbolicamente, anuncia-se Coimbra como um dos primeiros campos de batalha no processo de transformação anunciado e também escondido e tudo o que aqui se passar vai ter óbvias repercussões nacionais. Confiante na nossa habitual incapacidade de entendimento e concertação o poder central aposta em fazer-nos exemplo silencioso dessas mudanças contranatura.
Os nossos Hospitais Centrais vão ser o grande exemplo dado á Nação das transformações pretendidas e o nosso eventual silêncio a chancela pretendida para justificar o futuro requiem pelo SNS.
No próximo dia 15 de Setembro celebra-se o dia do SNS. Um dia para relembrar e reflectir, mas também um desejável dia de afirmação na defesa de uma conquista civilizacional dos portugueses.
Talvez pudéssemos, para esse dia equacionar a criação de uma “LIGA DOS AMIGOS DO SNS”, que se assumisse como um fórum permanente de debate sobre políticas de saúde, num contexto de defesa e modernização dum serviço público precioso.
Teríamos assim, um instrumento de mobilização cívica, a intervir organizadamente no espaço público, numa tarefa de reflexão tendente a combater a intoxicação e deturpação da realidade, de que alguns se vão servir para justificar opções políticas de subordinação a compromissos entre interesses particulares ou de grupo, em detrimento de uma perspectiva de defesa do bem comum consagrada no SNS. Fica a proposta e o desafio.

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