quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DAS PALAVRAS AOS ACTOS...

O socialista Manuel Alegre afirmou ontem à noite em Coimbra que não há nenhum sentido de Estado que justifique a cumplicidade do PS com o programa ultraliberal do governo PSD/CDS.
“O PS não tem nem podia ter qualquer compromisso com este projecto ultraconservador e ultraliberal do Governo. Não há nenhum sentido de Estado que justifique qualquer cumplicidade com este projecto”.
O ex-deputado acusou ainda a direita portuguesa tal como a europeia de estar a ultrapassar o memorando da troika e a aproveitar a crise para a concretização de um “projecto estratégico de demolição do Estado Social, do Serviço Nacional de Saúde, sistema público de educação, leis laborais e da própria função estratégica do Estado”.
Para Manuel Alegre o que é terrível na crise é a “convicção generalizada de que não há outro caminho senão este, não há outra solução, não há alternativa e não havendo alternativa não há esperança.”
O que há de novo, mais uma vez, nas palavras do ex-candidato presidencial é nada. São apenas palavras e, nesta altura tão complicada para os sectores mais desprotegidos da população portuguesa, o que se espera de gente de esquerda são actos. Sem passarmos das palavras a acções concretas, não vale a pena falarmos.
Infelizmente, há que dizê-lo, já estamos um pouco habituados às afirmações fortes de Manuel Alegre sem quaisquer consequências como se pode constatar pela posição quase acrítica que tomou em relação às medidas de Sócrates que atapetaram o caminho para o governo da direita.
Mesmo agora, não pronunciou uma só palavra em relação ao vergonhoso alinhamento de um membro do seu partido (João Proença) com as gravíssimas medidas que o governo PSD/CDS se prepara para impor ao mundo do trabalho. A UGT capitulou em toda a linha perante a chantagem da direita e do grande capital. Para além das forças partidárias e sindicais à esquerda do PS, os trabalhadores portugueses pouco mais têm em quem confiar a defesa dos seus legítimos interesses. A realidade mostra-nos à saciedade que o PS, pelo menos por omissão, é cúmplice do projecto ultraliberal do governo mais reaccionário que tivemos desde o 25 de Abril.

Luís Moleiro

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