sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

PROMOVER OS AMIGOS

O peso de certas afirmações depende muitas vezes de quem as faz. Isto significa que críticas contundentes vindas da direita sobre as escolhas das equipas dos novos órgãos sociais da EDP, especialmente o Conselho Geral e de Supervisão (cremos que é assim que se designa), têm um especial significado. O texto que a seguir transcrevemos é parte do editorial da “Sábado” (12/1/2012), que, como sabemos, alinha claramente à direita, mas poderia ser subscrito por qualquer personalidade de esquerda embora, neste caso, o seu autor, no mínimo seria apelidado de extremista… Enfim, o habitual.

A MILITANTE QUE SE ESPECIALIZOU EM ENERGIA
Celeste Cardona já foi deputada, já foi ministra, já foi dirigente partidária, já foi assistente na Universidade, já foi advogada, já foi consultora jurídica, e até já trabalhou no controlo de facturação da Lisnave – tudo ocupações honradas mas que não a transformam numa banqueira e, muito menos, numa especialista do sector energético.
Para a ex-dirigente do CDS, o recente convite para o Conselho Geral de Supervisão da EDP é a coisa mais normal do mundo: “Mal estaríamos se os privados não pudessem fazer escolhas em Portugal”. Ou seja, a ex-ministra do CDS teve um delírio: um dia os accionistas privados da EDP, liderados pelos chineses da China Three Gorges, resolveram sondar o mercado para encontrarem os profissionais mais competentes para o Conselho Geral de Supervisão da empresa e, depois de muito pesquisarem, entre os seis melhores nomes que descobriram em Portugal estava, evidentemente, o de Celeste Cardona – que, por acaso, não tem qualquer experiência na área energética e, também por acaso, é militante de um dos partidos do Governo.
Não está em causa o notável currículo de Celeste Cardona na política – deputada, deputada europeia, ministra e, já agora administradora da Caixa Geral de Depósitos nomeada por um ministro do CDS – nem o seu modesto currículo na área privada, a única coisa condenável é a forma como usa um para promover o outro.

Ainda que os novos órgãos sociais da EDP não fossem directamente escolhidos pelo Governo mas pelos accionistas, onde, para além de chineses e outros estrangeiros se encontram os portugesíssimos BES, BCP, Mello e CGD, é óbvio que escolheriam personalidades do inteiro agrado do poder. Nem seria preciso perguntar… Os canais de comunicação ficam muito mais facilitados e sempre se arranjam uns “tachos” para os amigos.

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