segunda-feira, 9 de abril de 2012

ABAIXO A MENTIRA!

Mesmo com a lavagem ao cérebro que temos vindo a sofrer, já temos como certo que muitos direitos, arduamente conquistados em várias décadas, irão desaparecer em poucos anos. A razia já começou e é especialmente visível em áreas como a saúde, a educação, o trabalho ou a segurança social. Os construtores de opinião, escolhidos a dedo pelos grandes grupos económicos que controlam os meios de comunicação social, vão moldando a mente das populações de modo a que aceitem, sem grande contestação, as malfeitorias que lhes vão sendo infligidas sob o pretexto que “não há alternativa”. E resulta. Basta sentirmos as reacções das pessoas – “o que se há-de fazer?” – para nos apercebermos de que vivemos numa ditadura em que a polícia política é completamente dispensável. Os contestatários do regime sofrem na pele a sua ousadia, não no cárcere mas de outras formas mais sofisticadas como os despedimentos ou a dificuldade de arranjar trabalho.
O texto seguinte foi transcrito do “Diário de Coimbra” de ontem e constitui o eco daquilo que muitos de nós pensamos sem sermos capazes de transmitir em palavras tão bem como aqui vai.

Pedro subsídios Coelho!
“Foram dias de pura contra-informação. Ao que parece, Bruxelas disse que os subsídios retirados aos funcionários públicos portugueses não serão repostos nas próximas décadas. O Governo disse que não seria bem assim e, se as coisas correrem bem, lá para 2015, pode haver de novo subsídio de férias e de Natal. O monocórdico ministro das Finanças também meteu alguma lama no ventilador e disse que os subsídios só seriam repostos, quando houvesse uma redução muito significativa do número de funcionários públicos.
Afinal, onde está a verdade? É fácil de descobrir. Está enganosamente distribuída pelas três versões, mas mesmo assim, fica incompleta. Na realidade, os funcionários públicos nunca mais terão os seus dois meses de salário complementar, a menos que haja alterações de fundo, na política portuguesa. A História dos últimos 30 anos ensinou-nos várias coisas. Por exemplo, direitos retirados, jamais serão repostos. Tal como, postos de trabalho suspensos, nunca mais serão reabertos. Na era neoliberal, tudo o que é mau é definitivo. E assim vai acontecer com os subsídios dos trabalhadores do Estado, cuja suspensão já está a passar de medida temporária e de excepção, para uma decisão definitiva. Será melhor acreditarem em mim, do que viverem de ilusões.
E vai haver mais. Deixem apenas passar as eleições francesas e as alemãs, para que seja reposto o regime de semana inglesa, isto é, o fim de semana vai começar apenas no sábado à tarde. Para isso, é preciso que Sarkozy e Merkel se prolonguem no poder. Se isso acontecer, não vai ficar de pé um único direito laboral, dos que foram conseguidos no pós-guerra.
É esta a tendência política, que ninguém consegue travar. Cedo ou tarde, o elogio o elogio de um Primeiro-Ministro vai fazer-se por uma imprensa obediente, nestes termos: “foi ele que teve a coragem de acabar com o Serviço Nacional de Saúde”. Mais: 2enfrentou os professores e acabou com o ensino gratuito”, isto é, com a escola pública. Ou ainda: “aboliu o subsídio de desemprego que só servia para manter malandros sem fazer nada”. E também: “acabou com o subsídio de reintegração social, porque fica mais barato meter essa gente na cadeia”. E numa outra área: “privatizou a Caixa Geral de Depósitos e pôs os dinheiros públicos ao serviço da recapitalização dos bancos”. É para isto que caminhamos.
O mundo, de facto mudou muito. Ainda não há muitos anos, um bom político era aquele que resolvia os problemas do país e das pessoas. Hoje, um bom político é aquele que cria problemas às pessoas, para nada resolver, é aquele que lhes tira o pão da boca.
(Sérgio Ferreira Borges)

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