segunda-feira, 30 de julho de 2012

GENTE DA IGREJA TOMA POSIÇÃO

O bispo das Forças Armadas foi alvo de violentos ataques pelos comentários que fez em relação a muitos aspectos da situação que actualmente se vive em Portugal. A desculpa foi a forma que os comentários assumiram mas a verdadeira razão foi o seu conteúdo. Januário Torgal Ferreira teve a ousadia de chamar os bois pelos nomes usando uma terminologia sem contornos nem contemplações. Provavelmente ele conhece, muito melhor que a maioria dos portugueses, a desgraça que está a atingir milhões dos nossos compatriotas, tendo em atenção que pertence a uma instituição – a Igreja Católica – onde todos os dias chega gente aflitíssima sem qualquer rendimento para se manter nem para dar de comer aos filhos.

Também no último fim-de-semana, o Arcebispo de Braga, numa conferência sobre o papel da Igreja em tempo de crise declarava com toda a razão que começa a convencer-se que “as medidas são demasiado pesadas para um determinado tipo de pessoas” adiantando ainda que “a luz sobe para todos, a água sobe para todos, os transportes sobem para todos, o IVA nos bens básicos sobe para todos” e que os mesmos aumentos têm significados diferentes conforme os rendimentos de cada um.

Curiosamente, ou talvez não, também Frei Bento Domingues se pronunciava ontem no “Público” sobre as brutais desigualdades actualmente existentes no mundo, referindo alguns números conhecidos mas que não é de mais repetir como:

- As três pessoas mais ricas do mundo possuem activos superiores a toda a riqueza dos 48 países mais pobres, onde vivem 600 milhões de seres humanos;

- 257 pessoas sozinhas acumulam mais riqueza do que 3 mil milhões de pessoas, o que corresponde a 45% da humanidade;

- 1,2 mil milhões passa fome e outros tantos vivem na miséria;

- 1,5 mil milhões não têm acesso a electricidade e 2,5 mil milhões não têm tratamento de esgotos.

Seria fastidiosa a indicação de mais números mas é importante que, alguns sejam recordados, perante a avalancha de informação tendenciosa que todos os dias nos chega. Tenhamos consciência de que nunca tendo circulado pelo mundo tanto dinheiro como agora, é inadmissível que a distribuição da riqueza se faça de uma forma tão desigual.

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