sábado, 8 de setembro de 2012

ESQUERDISTA II ...

O descalabro e a desorientação reinantes no Governo chegaram a um ponto tal que nem os seus mais próximos ideologicamente escondem as mais ferozes críticas, muitas delas facilmente subscritas por qualquer partido da oposição de esquerda. É tudo tão óbvio que só falta o reconhecimento público dos próprios governantes. O papel que andam actualmente a representar – no seu íntimo não o levarão a sério – compagina-se com a ideia de que estarão á espera de algum milagre…

No artigo de opinião desta semana no “Público”, Pacheco Pereira é demolidor como se pode verificar através destas citações:

“A evidente mudança de tempo político começou. Começou há dois ou três meses, com a queda de Relvas, o incumprimento do défice, os discursos vazios do Pontal e da Universidade de Verão, as crescentes dificuldades de fazer "passar" as políticas, como se vê com a privatização da televisão ou a legislação autárquica, a decisão do Tribunal Constitucional, as desavenças públicas na coligação, as disfunções no Governo. A estes factores políticos somam-se os sucessivos números negativos da conjuntura económico-social, a quebra do produto, a descida no ranking da competitividade, o aumento sempre crescente do desemprego, e das falências de empresas e de famílias.”

“Mas onde é mais evidente a deterioração do tempo político do Governo é no órgão, mais do que na função. É o Governo que está muito mal. Na verdade, o menosprezo, ou impotência, revelado pelo primeiro-ministro no tratamento do "caso Relvas", está a corroer o Governo. Ao tornar a "coordenação política" do Governo - um termo eufemístico, mas que é habitualmente usado - fantasmática, o primeiro-ministro criou um gigantesco vazio que todos se estão a apressar a ocupar: o CDS, o PSD, os lóbis da RTP, o PS, os outros ministros. A natureza da política é a de ter horror ao vácuo, e um vácuo ambulante só reforça todos os que com ele contactam.”

“Aliás poucas coisas revelavam melhor, desde início, as fragilidades políticas do Governo, que a ideia que Relvas pudesse ter o papel que lhe era dado, isso sim mostrando como Passos pensava que os métodos do aparelhismo partidário resultavam num governo, como resultam numa distrital do PSD ou da jota.”

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