domingo, 14 de julho de 2013

DEMOCRACIA SEQUESTRADA?


 
É notório que, à medida que ficamos mais velhos, tendem a ficar mais salientes traços característicos da nossa personalidade, sejam eles virtudes ou defeitos. Desde sempre foi possível descortinar no prof. Cavaco uma tendência autoritária e pouco apego pela democracia, a menos que pudesse obter dela algum benefício imediato. Na sua biografia não consta qualquer tomada de posição em favor da democracia e da defesa da liberdade durante a ditadura. Muito pelo contrário, o que se sabe é que aceitou sempre, sem pestanejar, todos os ditames do regime (há documentos que o comprovam). No entanto, bem acabou por se servir do voto popular para se alcandorar aos postos mais cimeiros da governação do país.

A tendência autoritária do PR ficou bem patente na declaração que fez ao país a meio desta semana, onde reduziu a democracia à sua própria vontade, querendo obrigar três líderes políticos a assinarem um compromisso por ele próprio elaborado, até com um prazo pré-determinado.

Estamos, sem dúvida perante uma situação de tentativa de sequestro da democracia que deve deixar alerta todos os cidadãos. Portugal inteiro ficou estupefacto, incluindo as principais lideranças políticas, pois, tanto quanto se pôde verificar, a proposta de Cavaco Silva apanhou de surpresa toda a gente, depois de se ter como adquirido que iria dar posse ao Governo remodelado ou, talvez melhor, recauchutado.

Estivéssemos perante outra personalidade e tenderíamos a pensar que a sua sanidade mental estaria afectada. Após ter dado toda a cobertura a um Governo que conduziu o país ao desastre, vem agora querer obrigar o PS a servir de boia de salvação de políticas erradas, aliás, reconhecidas como tal por quem as implementou até à exaustão, Vitor Gaspar.

Depois de ficarmos a conhecer que Alberto Martins é a personalidade do PS que vai discutir com Mota Soares (CDS) e Jorge Moreira da Silva (PSD) o chamado “compromisso de salvação nacional”, também nos chegou a informação de que o PS vai votar a favor da moção de censura proposta pelos Verdes. Estaremos perante uma boa indicação de que a decisão dos “socialistas” vai no sentido de uma oposição ao documento do sequestro da democracia com a consequente construção de uma verdadeira alternativa? Ou vamos assistir a uma daquelas tão conhecidas jogadas do PS que prefere acordos com a direita, contra os interesses da sua própria base social de apoio?

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