quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A REALIDADE E A FÁBULA



Os mais velhos ainda recordam o tempo em que os portugueses se viam obrigados a aceder a órgãos de informação estrangeiros para se sentirem devidamente informados sobre o que se passava em Portugal. Era o tempo da ditadura em que ouvir a BBC (imagine-se!) poderia constituir um crime ou, pelo menos razão suficiente para uma vigilância especial. Esse medo acabou com o 25 de Abril mas o controlo da informação que chega aos portugueses está a regressar em força e de uma forma mais subtil mas não menos eficaz nem menos brutal do que no tempo de Salazar e Marcelo Caetano. Actualmente, é suposto vivermos num regime em que existe liberdade de expressão e a informação circula sem entraves. É suposto, mas a realidade é bem diferente. A sonegação de partes substanciais da informação do que se passa à nossa volta faz parte da estratégia do controlo das populações, contra os seus interesses, sem que a maioria o sinta de verdade. Se tivermos em atenção que: 1) o grosso da informação que chega ao cidadão comum é veiculado pelos grandes meios de comunicação social; 2) estes meios são detidos por grandes empresas; 3) a estas empresas não interessa que as pessoas conheçam determinas realidades e, por isso a informação é filtrada, melhor, manipulada; 4) as grandes empresas comungam a ideologia neoliberal dominante, então, é certo que a informação que chega às populações é aquela que mais convém ao status quo no poder.
Nestes últimos tempos criou-se uma “fábula” relativamente a uma suposta “brilhante recuperação da Irlanda” mas a realidademostra que “a economia irlandesa está longe de ter recuperado”. No entanto, os que poderiam desmontar a “fábula” não conseguem fazer chegar a sua mensagem àqueles que mais precisam de a conhecer.
Voltando à ideia inicial, torna-se decisivo para os portugueses que querem obter uma informação tão próxima da realidade quanto possível, procurarem fontes diferentes das que nos entram pela casa adentro todos os dias.

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