domingo, 2 de março de 2014

A FALÁCIA DA SAÍDA LIMPA


À medida que se aproximar a data das eleições para o Parlamento Europeu (para já), vamos ser bombardeados com uma avalanche de propaganda amassada numa linguagem orwelliana que significa tudo e o seu contrário mas cuja principal função é confundir os portugueses relativamente ao aprofundamento da austeridade que tem atingido quase todos mas, de um modo mais profundo, os mais desfavorecidos.
Devemos ter presente que a saída da troika não trará qualquer espécie de melhoria às nossas vidas e que a chamada “saída limpa” do programa cautelar é apenas uma falácia muito útil em termos eleitorais. Tanto assim é que, o que temos mais certo é o agravamento da situação de pobreza em que o país mergulhou, com mais cortes nos salários e prestações sociais, em especial, nas áreas da saúde, educação e pensões de reforma.
Os partidos do Governo e os seus papagaios na comunicação social vão tentar convencer-nos que estão para chegar manhãs radiosas quando, na verdade, o que acontece é continuarem a amontoar-se nuvens negras no fundo do nosso horizonte colectivo como transparece no seguinte texto de Nicolau Santos que transcrevemos do Expresso Economia de ontem.
Anda a tribo dos políticos e economistas toda entusiasmada a discutir se o país vai ter uma saída limpa ou um programa cautelar após o 17 de Maio [agora parece que a data já não é esta] e aparece pela capital um dinamarquês, considerado o melhor estratego cambial dos últimos três anos e afirma: “um segundo resgate em Portugal é muito possível dentro de cinco anos”. Uma pessoa recusa-se a acreditar. Mas o tal dinamarquês, Jens Nordvig, diz uma coisa de que suspeitávamos: “os mercados são um pouco esquizofrénicos. Antes os investidores achavam que a dívida dos países periféricos era toda insustentável e agora competem para comprar esses títulos da dívida”; e outra que nos deixa com a pulga atrás da orelha: “o problema é o que acontece se mudar a política global das taxas de juro”, que estão muito próximo do zero. Ora, o nosso serviço da dívida já é muito pesado (mais de €7000 milhões por ano) e a nossa dívida elevadíssima. Se as taxas de juro sobem, a coisa vai ficar preta. Ah, pois é…

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