domingo, 11 de maio de 2014

MARISA MATIAS: COMPETÊNCIA, HONESTIDADE E EMPENHO COMPROVADOS


Tradicionalmente as eleições para o Parlamento Europeu registam uma forte abstenção, com percentagens que têm vindo sucessivamente a crescer. Se é certo que grassa uma grande desilusão entre as populações, também não é menos verdade que as pessoas se interessam cada vez menos por conhecer os candidatos e os programas que apresentam. Criou-se a ideia de que os detentores de cargos políticos são todos mentirosos e corruptos, só querem ir para lá para defender o “tacho”, ganham balúrdios de dinheiro e têm infinitos privilégios. Este rótulo assenta bem num número significativo deles mas, para muitos outros, é completamente injusto. De qualquer maneira, para aqueles que ocupam os cargos defendendo meros interesses pessoais ou de grupos restritos, é muito conveniente que todos os outros – competentes ou incompetentes, corruptos ou honestos, mentirosos ou sérios – sejam metidos no mesmo saco para que nenhuma diferenciação se faça por esse lado.
É muito importante salientar que Marisa Matias, a cabeça de lista do Bloco de Esquerda às eleições para o Parlamento Europeu, tem dado sobejas provas de competência, honestidade e empenho no trabalho desenvolvido em Bruxelas em prol dos interesses do povo português. Todos os restantes candidatos da lista bloquista, foram escolhidos, tendo em atenção as suas qualidades pessoais e políticas pelo que dão garantias de uma representação à altura daquilo que Portugal necessita neste momento difícil que atravessa.  
A propósito do acto eleitoral que vai ter lugar daqui a duas semanas, achámos interessante transcrever para aqui o seguinte texto (*) publicado há quatro dias no Diário de Coimbra.
Comemorámos abril, homenageámos os capitães, festejámos o 1º de Maio, e agora? Agora temos de reiniciar o caminho de abril, temos de concretizar o desejo de mudança que trespassou o país neste período.
Reconheça-se que, para a maioria da população que sempre viveu em democracia, é difícil sentir profundamente a importância de votar. As deficiências da democracia representativa e as profundas dificuldades vividas diariamente levam os nossos cidadãos a esquecer que o “voto é a arma do povo”. É difícil mobilizar as populações para as europeias, onde a tendência para uma forte abstenção é consequência de políticas europeias que progressivamente vêm destruindo o projeto europeu nas seus princípios fundamentais, a solidariedade entre nações, o progresso social dos povos, a construção de um espaço de paz. Deveremos, no entanto, interrogarmo-nos sobre a razão por que, apesar das evidentes contradições vividas no seu interior, continua a UE a constituir uma referência para os países que nos batem à porta. Não podemos esquecer que muito do nosso futuro depende do enquadramento legislativo de âmbito europeu.
Se queremos dar um novo impulso ao projeto europeu, se queremos regressar aos valores que motivaram os seus fundadores, temos de nos empenhar na construção de uma nova maioria política no Parlamento Europeu que estabeleça novas prioridades e procedimentos na regulação dos sistemas financeiro e económico.
A crise das dívidas soberanas é consequência do endividamento excessivo (público, particular e das famílias), promovido e incentivado por um sistema bancário seduzido pelo excesso de liquidez e pelo lucro fácil, e de uma inadequada supervisão (não esquecendo, no caso português, a fraude ocorrida no BPN).
Mas a crise, em Portugal, resulta também da desindustrialização, do abandono da agricultura e da pesca, da deslocalização de empresas. Devemos lembrar o destino dos fundos comunitários disponibilizados no período do cavaquismo, quando destruímos centenas de barcos de pesca, inúmeras explorações agrícolas e industriais, causa principal da deficiência do nosso sistema produtivo e razão do fraco crescimento da economia. Os países da periferia foram também vítimas da exportação de capitais/investimentos para países onde não se respeitam elementares direitos laborais, onde se ignoram todas as regras ambientais, onde se obtêm elevadas taxas de lucro e onde se permite o retorno de capitais, pouco transparentes, através de paraísos fiscais.
Foram e são as políticas neoliberais que colocam os mercados e o lucro no centro das decisões, que valorizam os credores em prejuízo das pessoas e dos seus valores, que nos conduziram à situação em que vivemos. Julgar estas políticas nas eleições europeias, através dum voto consciente e responsável é uma obrigação. Escolher é o nosso direito.
Acreditar na alternativa não é uma profissão de fé, é um trabalho que juntos temos de construir e de levar a bom porto. Portugal e os portugueses merecem.  
(*) Moura e Sá, engenheiro

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