quinta-feira, 15 de maio de 2014

PERDA DE BOLSA LEVA A ABANDONO DO ENSINO SUPERIOR


Muitos jovens ingressaram no grupo dos portugueses que quiseram “viver acima das suas possibilidades” porque tiveram a ousadia de pretender tirar um curso superior. Não tendo possibilidades económicas para tal, aproveitaram os apoios financeiros dados pelo Estado através das bolsas de estudo. Só que a actual maioria de direita incluiu estes investimentos públicos na categoria de “gorduras” e resolveram infringir-lhe um corte brutal. Disto não ouvimos nós falar Rangel nem Nuno Melo nos intervalos de duas goladas de vinho de garrafa à boca, durante a, completamente vazia de propostas, campanha eleitoral para o Parlamento Europeu.
De qualquer maneira, a situação de muitos estudantes bolseiros é dramática, ao ponto de se verem obrigados a abandonar os estudos.
Segundo a imprensa local (Coimbra), dos 1300 estudantes da Universidade de Coimbra que perderam a bolsa, 77% podem abandonar os estudos, de acordo com um inquérito efectuado pelos Serviços de Acção Social.
A administradora dos Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra (SASUC), Regina Bento, alertou que o número obtido com o inquérito “é apenas uma gota de água”, pois a investigação foi dirigida somente aos alunos «que se candidataram à bolsa e viram o pedido recusado». A candidatura às bolsas é anual.
O inquérito realizado em Março, pretendia «dar uma resposta imediata» e direccionar os vários casos para «o Fundo de apoio Social ou para uma reavaliação da bolsa», explicou Regina Bento, referindo que de momento há 3700 estudantes bolseiros, quando chegavam a ser «6000, há 10 anos». «A alteração do regulamento de atribuição de bolsas veio reduzir imensamente o número de bolseiros», constatou, acrescentando que «muito poucos alunos têm um plano B, caso percam a bolsa».
O inquérito dos SASUC ainda não está fechado, visto que podem ser analisados mais casos de alunos que perderam a bolsa até ao final de Maio.
Para além do inquérito, os SASUC pretendem «desenvolver mecanismos de sinalização para impedir abandonos precoces do ensino superior» (*).
A notícia refere ainda que se têm registado mais «pedidos de emergência», alguns para alimentação e compra de material escolar. Estas situações são encaminhadas para instituições de carácter assistencial, como a Cáritas, o Centro de Acolhimento João Paulo II e Instituto Justiça e Paz que actuam de forma articulada.
(*) Diário de Coimbra

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