sexta-feira, 9 de maio de 2014

O HIPÓCRITA AGRADECIMENTO – UMA REACÇÃO


O hipócrita agradecimento do primeiro-ministro aos portugueses a propósito de uma suposta saída da troika, talvez mereça a recusa da generalidade dos portugueses embora esse sentimento possa não se traduzir em acções práticas e é pena porque a máquina da propaganda converte rapidamente a indiferença evidenciada pelos nossos cidadãos num (falso) apoio.
Felizmente que o desinteresse pela acção dos nossos pseudo governantes ainda vai tendo muitas reacções por parte daqueles portugueses de antes quebrar que torcer. O texto (*) que apresentamos a seguir, transcrevemo-lo do Diário de Coimbra de ontem e constitui uma prova do que acabámos de afirmar.
Quero, senhor primeiro-ministro, rejeitar pública e frontalmente o hipócrita agradecimento que me fez, como à generalidade dos portugueses, aquando do anúncio da pseudo saída da troika. Tudo aquilo que aconteceu nestes três últimos anos foi feito contra a minha vontade, sem o meu consentimento e sem a minha concordância. Não aceito ser cúmplice de uma verdadeira revolução neoliberal, a quem a rapaziada da escola de Chicago que ainda por aí anda não hesitará a tirar o chapéu. O senhor, sem ética e de uma forma mentirosa, feriu gravemente o estado social, em cuja construção modestamente colaborei, pondo em crise a Saúde, a Educação, a Justiça, a Investigação e o Desenvolvimento. Mais, a sua política afetou gravemente a coesão nacional, criando um país mais desigual, mais pobre, matando a esperança de futuro de uma geração e semeando a angústia nos mais idosos, nos mais fracos e desprotegidos. O famoso ajustamento de que veio falando é como se vê, apenas e tão só, a desvalorização do trabalho e a criação de uma bolsa insuportável de desempregados para garantir mão-de-obra barata, destinada a enriquecer uns tantos. Por isso, não me agradeça as tropelias que me fez e as mentiras com que me foi presenteando durante estes anos da sua governação.
Peço-lhe, aliás, que tenha a hombridade de parar o processo de intoxicação dos espíritos que, com os seus conselheiros e assessores para a comunicação bem como os oportunistas encartados que sempre se lambuzam na viscosidade do poder, se entretêm a fazer defendendo políticas que não são mais do que a garantia da continuação de uma emigração qualificada a um nível verdadeiramente impensável e a da manutenção do país na cauda da Europa por muitos anos. O seu agradecimento, que recuso, é uma ofensa!
(*) João Silva

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