quarta-feira, 25 de junho de 2014

FUTUROLOGIA: PORTUGAL NOS FINAIS DOS ANOS (20)20


Num interessante exercício de futurologia, um consultor de comunicação (*) antevê, no Diário de Coimbra de hoje, o ambiente social em Portugal em finais dos anos 20 do século XXI…
O meu filho e os amigos dele vivem todos no estrangeiro. Ontem quando falámos no ADDAPPT conversou comigo em Inglês, já mal fala o português. Fez em Maio 40 anos e há 22 que vive fora. Eu estou velho e não lhe quero ocupar o tempo, mas tenho saudades e ontem liguei-me. Falámos quase 5 minutos. Continua solteiro e não quer ter filhos, diz que lá para os 50. Já não chego a avô!
Por muitas razões ele e os amigos acabaram todos por emigrar. A principal foi a diferença de oportunidades que havia entre Portugal e outros países.
O Diogo trabalha nas Nano Energias em Guangzhu na China, uma das novas megacidades com mais de 100 milhões de habitantes; a Carolina, Artista Plástica, foi para Nova Yorque; já só lá é que há exposições! O Pedro está em Bombaim, a Patrícia em Pretória, a Cacá em Kuala Lumpur e o Chico em São Paulo. Já ninguém vem a casa no Natal. Há uma “app” no smartphone chamada “Konsoada”. Junta a família à volta de uma mesa e até têm cheiro! Mas não é a mesma coisa.
Nestes anos muito mudou em Portugal quando comparado com o que acontecia em 2014, quando a Troika veio daquela vez. Os bebés quase deixaram de nascer, de cada mil portugueses nascem apenas 5 por ano. Sempre que nascem gémeos há notícia no Telejornal. Portugueses de gema somos só sete milhões e daqui a vinte anos dizem que não passamos de cinco. Só este ano fecharam mais de mil escolas. Em Portalegre já não há nenhuma. Como a esperança de vida é quase 100 anos as reformas estão congeladas “temporariamente” (desde 2025).
Em Lisboa, nas Avenidas Novas (agora mais velhas que outra coisa), quase todos os meus vizinhos são africanos. Quando o regime acabou em Angola em 2020 muitos vieram para cá. Compraram os hospitais do Estado e pagam diretamente aos médicos. Os doutores portugueses são os únicos que ao compreendem.
Em Coimbra a coisa é a mesma. A Universidade também é privada, como as outras, o que faz com que a cidade seja quase deserta. A idade média dos alunos é 52 anos e três licenciaturas. As placas das salas de aula são grandes por causa da miopia. Já só há um colégio João de Deus; o outro é um “Museu da Criança” mas fechou o ano passado por falta de visitantes.
Este ano o Europeu de Futebol é na Jugoslávia mas também não nos qualificámos. Nenhum jogador da nossa seleção nasceu em Portugal e os jogos em casa são em Paris. Já não vamos a uma final há 15 anos. A última foi no Brasil.
(*) José Manuel Diogo
 

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