domingo, 16 de novembro de 2014

DECLARAÇÕES DE VOTO DO VEREADOR DO BE NA SESSÃO DE CÂMARA DE 15 OUTUBRO



Eis, de forma sucinta, as declarações de voto que João Vasconcelos, apresentou na sessão de Câmara do dia 15 de Outubro passado, respectivamente sobre o ”projeto de dissolução, liquidação e plano de internalização da Portimão Urbis” e “o projeto de externalização de atividades no perímetro municipal, com a consequente alteração aos Estatutos da EMARP”, relativamente aos quais o vereador bloquista votou favoravelmente.

Proposta de Deliberação
Assunto: Aprovar e submeter à aprovação da Assembleia Municipal o projeto de dissolução, liquidação e plano de internalização da Portimão Urbis
Desde há vários anos que o Bloco de Esquerda vem travando, dentro e fora dos órgãos autárquicos, um combate frontal e determinado contra a existência da empresa municipal Portimão Urbis como mega-empresa, que se substituiu à própria Câmara Municipal e tendo usurpado muitas das competências e funções que esta devia continuar a exercer, a bem do interesse público. Eram enormes e desmesurados os poderes da Portimão Urbis, conforme consta na missão da empresa. Poderes que vão desde a promoção e gestão de equipamentos coletivos na área da educação, cultura, saúde e desporto, até à gestão de feiras e mercados, gestão de várias infraestruturas municipais e gestão do sistema de transportes públicos e de estacionamento público urbano, passando até a ter poderes de fiscalização e de aplicação de multas em matéria de estacionamento público. Algumas das competências até já tinham sido retiradas e bem à Portimão Urbis, por força do novo quadro legal decorrente da lei nº 50/2012, nomeadamente nas áreas do turismo e da reabilitação urbana.
A Portimão Urbis, devido aos seus super-poderes, transformou-se numa espécie de “monstro” sorvedouro de dinheiros públicos. Foram muitos milhões transferidos todos os anos pela Câmara Municipal e os resultados estão à vista de todos. Este despesismo descontrolado e obscuro muito contribuiu para a enorme dívida municipal e as dificuldades financeiras que afetam a Câmara de Portimão – tudo por culpa da gestão desatrosa do PS ao longo dos últimos mandatos.
A criação da Portimão Urbis revelou-se inútil e ruinosa para o erário público municipal, tendo permitido à Câmara tornear regras como os limites de endividamento municipal, regras de contratação pública e dificultado a fiscalização destas atividades pela Assembleia Municipal, como órgão deliberativo. O próprio Relatório de Auditoria Externa à Portimão Urbis, há uns meses atrás, revelou-se arrasador. Nas contratações entre 2009 e 2013 enquanto os concursos públicos ascenderam a 382 mil euros, os ajustes diretos atingiram a cifra de 9 milhões de euros; os ajustes diretos seguiram um padrão – nos de empreitadas eram consultados dois fornecedores, enquanto os restantes eram adjudicados sem consulta a um único fornecedor. Para a projetada “Cidade de Cinema” foram firmados contratos, de 2009 a 2012, no valor de 2,2 milhões e os ajustes diretos, consultorias e patrocínios chegaram a 1, 477 milhões de euros; das 8 das 12 empresas que contrataram serviços e que receberam um milhão de euros, participaram como sócios ou acionistas as mesmas 3 pessoas; faltam relatório ou evidências como filmes que não foram realizados e não foram elaboradas candidaturas a fundos comunitários, embora muito dinheiro tenha sido gasto. Estes são apenas alguns exemplos que  constam no Relatório.
Em Dezembro de 2010 e em Abril de 2012 o Bloco de Esquerda apresentou na Assembleia Municipal recomendações para a dissolução da Portimão Urbis, as quais foram rejeitadas pela maioria PS que suportava o Executivo (na primeira proposta o representante do CDS absteve-se). Estas propostas contemplavam o regresso à Câmara de todos os serviços e competências, assim como a manutenção dos postos de trabalho dos seus trabalhadores. A dissolução da Portimão Urbis permitiria e permite uma gestão mais rigorosa e fiscalizadora dos dinheiros públicos, o combate ao desperdício financeiro e reforçar os apoios sociais e económicos às famílias e empresa do concelho.
A proposta de dissolução da Portimão Urbis e internalização dos seus serviços e trabalhadores afigura-se como a melhor opção perante a situação insustentável a que se chegou. Além disso, de acordo com o artigo 62º da Lei nº 50/2012, de 31 de Agosto, que estabelece o regime Jurídico da Atividade Empresarial Local e das participações Locais (RJAEL), a Portimão Urbis encontra-se perante a inevitabilidade de dissolução, visto ter apresentado prejuízo durante pelo menos três anos. O próprio Tribunal de Contas já tinha emitido um parecer que a empresa não cumpriu os critérios da lei nos anos 2010, 2011 e 2012, no que diz respeito à necessidade das receitas próprias da empresa representarem pelo menos 50% das receitas totais, e que por esse motivo deveria ter sido extinta ainda durtante o mandato anterior.
Com a dissolução da empresa o Bloco de Esquerda espera que não se verifique despedimentos, o que, a acontecer, só agravará a situação económica e social no concelho, tão flagelado pela chaga do desemprego e pobreza, fenómenos provocados, em grande parte, pelas políticas de desastre nacional implementadas pelo governo PSD/CDS. No documento apresentado pela Senhora Presidente de Câmara é referido que é imperiosa “a salvaguarda dos interesses dos trabalhadores da Portimão Urbis, pressuposto este que se revela da maior importância”, com o qual o Bloco de Esquerda manifesta a sua concordância.
Em todo o decorrer deste processo, é de reprovar vivamente os despedimentos ou a dispensa de trabalhadores contra a sua vontade. Caso tal se verifique, ao Bloco de Esquerda não poderão ser assacadas tais responsabilidades. Tanto mais que em sede Parlamentar, o Bloco propos que no caso de dissolução de empresas municipais todos os seus trabalhadores deviam regressar às Câmara Municipais, proposta rejeitada como os votos do PS, PSD e CDS e a abstenção da CDU. Como um conjunto de atividades da empresa municipal serão internalizadas no Município, os seus trabalhadores continuarão a ser necessários a tais atividades, como a gestão de diversos equipamentos, gestão do sistema de transportes, gestão dos mercados e feiras e gestão da venda ambulante.
Perante o exposto, o Bloco de Esquerda vota favoravelmente esta proposta de deliberação.

Proposta de Deliberação
Assunto: Aprovar e submeter à aprovação da Assembleia Municipal o projeto de externalização de atividades no perímetro municipal, com a consequente alteração aos Estatutos da EMARP
O Bloco de Esquerda, além de se opor à criação da Portimão Urbis, nunca aprovou e combateu de forma veemente a delegação de cada vez mais competências e serviços por parte da Câmara Municipal na referida empresa. Os vários Executivos do Partido Socialista apoiados na maioria que detinham na Assembleia Municipal e muitas vezes com o aval, ou a abstenção das forças da oposição situadas à direita, foi alimentando o “monstro” e que conduziu, em grande parte, à ruína financeira em que se encontra o Município. O que se espera agora é que a dissolução da empresa, a internalização de determinadas atividades e a externalização de outras atividades não provoquem maiores desgraças no concelho.
Uma boa gestão municipal e que melhor permitiria salvaguardar o interesse público municipal era que determinados equipamentos culturais, educativos e de ação social fossem geridos diretamente pelo Município à semelhança do que acontece com o Museu Municipal e não necessitassem do recurso a qualquer empresa municipal para serem geridos. Cometeram-se graves erros de gestão e os resultados estão à vista. A contratualização de serviços in-house revelou-se um paradoxo e não acrescentou nada de positivo, só servindo para agravar os problemas e criando ansiedade e perturbação no seio dos próprios trabalhadores.
Com a dissolução da Portimão Urbis e o plano da externalização a concretizar-se, conduzirá à transferência de atividades para a Empresa Local EMARP até final do ano, devendo esta ver aprovada a alteração estatutária. O objeto social da empresa irá passar a abranger atividades e competências nos domínios da gestão do “espaço público, ordenamento e fiscalização da atividade publicitária e da ocupação da via pública”, da gestão do “sistema de estacionamnto público urbano” e da gestão e apoio à “operação de equipamentos coletivos e pretação de serviços na área da educação, ação social, cultural e desporto”.
Ou seja, tal como a Portimão Urbis, A EMARP passará a ter responsabilidade de atividades de gestão e fiscalização do espaço público (publicidade, ocupação da via pública e estacionamento público urbano) e de gestão de equipamentos coletivos na área da educação, cultura, desporto e ação social (TEMPO, Quinta Pedagógica, Casa Manuel Teixeira Gomes e Centros Comunitários). Significa isto que a EMARP passará a funcionar como uma super-empresa, com poderes e competências muito dilatadas. Tal como aconteceu com a Portimão Urbis, o Bloco de Esquerda critica esta acumulação de poderes e competências, as quais deviam estar na dependência direta da Câmara Municipal, assim como os seus respetivos trabalalhadores para assegurar esses serviços.
Todavia, face à gestão errada dos Executivos do PS e à legislação existente, contrária aos interesses da atividade municipal e dos seus trabalhadores, imposta pelo governo PSD/CDS, parece que a opção a ter em conta é a externalização das atividades acima referidas, mantendo afetos a tais atividades os seus respetivos trabalhadores. O Bloco de Esquerda é contrário a qualquer tipo de despedimentos, ou dispensa de trabalhadores contra a sua vontade, o que a acontecer, só irá agravar as dificuldades sociais e económicas que grassam no concelho de Portimão. Não será por qualquer tipo de condicionalismo, como o voto contra ou mesmo a abstenção por parte do Bloco de Esquerda que o projeto de externalização não será aprovado – acima de tudo estão os interesses dos munícipes e de todos os trabalhadores do perímetro municipal.
De acordo com o acima exposto, o Bloco de Esquerda vota a favor desta proposta de deliberação.
O Vereador do Bloco de Esquerda
João Vasconcelos

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