quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

INVESTIR NA EDUCAÇÃO COMPENSA


É bom recordarmos que nos últimos três anos e por obra do Governo Passos/Portas, a educação sofreu um corte de 3 mil milhões de euros. Obviamente que uma redução da despesa desta ordem tem inevitáveis reflexos nos resultados educativos e no futuro do país. Por outro lado, é sintomático o que hoje se pode ler no Público através de um artigo de opinião do Comissário europeu responsável pela Educação, Cultura, Juventude e Desporto, cujo título não deixa margem para dúvidas: Investir na educação compensa. É preciso acrescentar que o Comissário Tibor Navracsics é um conservador húngaro que, se estivesse em Portugal seria, no mínimo, ignorado. Quase fica a ideia de que o artigo se dirige especificamente ao Governo português.
O que o ministro Crato está a fazer no sector educativo é exactamente o contrário do que este conservador húngaro defende, ou seja, a destruição de tudo o que de bom se fez nos últimos 40 anos em matéria de educação e com os resultados altamente positivos que se conhecem.
Leia-se, então, e reflicta-se sobre algumas das afirmações mais significativas de Tibor Navracsics.
A educação contribui para estimular o crescimento e a criação de emprego através de vários canais. Melhorar as aptidões e  competências das pessoas aumenta as suas possibilidades de emprego, permite-lhes desenvolver métodos de produção mais eficazes e adaptar-se ao progresso tecnológico. Além disso, a educação proporciona às pessoas os conhecimentos e as atitudes necessários para impulsionarem a investigação e o desenvolvimento, traduzindo novas ideias em inovação. O efeito combinado destes factores — níveis mais elevados de emprego, maior produtividade e adaptabilidade — permitirá à Europa competir no contexto de uma economia global baseada no conhecimento.
(…)
Nos últimos anos, muitos Estados-membros (14, em 2012) reduziram a percentagem do seu Produto Interno Bruto (PIB) afectado ao sector da educação, ao passo que a China, a Índia, a Austrália e o Brasil estão a investir de forma estratégica neste domínio. A África do Sul despende 6,6 % do seu PIB com a educação; na UE, apenas três Estados-membros têm um melhor desempenho nesta matéria. O Brasil reforçou as suas despesas com a educação, passando de 3,9 % do PIB, em 1999, para 5,8 %, em 2012, e, actualmente, esta percentagem situa-se acima da média de 5,3 % da UE.
(…)
Precisamos de fazer melhor. É necessário investir na educação e na formação, a fim de garantir que a Europa forma melhores professores, proporciona aos cidadãos as competências necessárias ao mercado de trabalho actual e mantém a educação o mais aberta possível ao maior número de pessoas.
(…)
A educação representa, evidentemente, muito mais do que a sua mais-valia do ponto de vista económico. Todavia, numa época caracterizada por orçamentos públicos estritos, investimentos reduzidos, níveis de desemprego inaceitavelmente elevados e uma necessidade urgente de relançar o crescimento e a criação de emprego, é tempo de recordar: a educação é um dos melhores investimentos que a UE pode fazer. Oferece efectivamente uma boa relação qualidade-preço. Investir na educação compensa.
 

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