segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

NEM ÁLIBI PRECISAM…


Os donos disto tudo (sem aspas) andam literalmente a tomar o povo português por parvo. O exemplo citado por Nicolau Santos no Expresso Economia de sábado passado não pode levar a outra conclusão. O caso BES é mais um escândalo em que ninguém assume qualquer culpa, usando para tal um álibi, no mínimo, esfarrapado. Ao menos poderiam construir uma história que fizesse algum sentido e nos levasse a imaginar, ainda que remotamente, a possibilidade de haver inocentes em todo este imbróglio. Mas eles nem sequer se deram a esse trabalho porque pensam que tudo vai dar em nada. E, se calhar, talvez tenham razão. Apenas a opinião pública já percebeu há muito toda a marosca e, do enxovalho, os Espírito Santo não se livram.
Para além da novela televisiva a que este e outros casos dão azo, temos ainda alguns jornalistas que os tratam com a atenção que merecem e põem a nu a sua natureza, como é o caso de Nicolau Santos no texto seguinte.
Pode um homem que esteve dez anos à frente de uma organização até à sua implosão não saber de nada do que se estava a passar, não se lembrar, não ter participado, não ter estado presente e quando assinou documentos foi porque lhos davam para assinar, tendo-o feito sempre na base da absoluta confiança? Então, que raio estava Manuel Fernando Moniz Galvão Espírito Santo Silva a fazer como presidente não-executivo da Rioforte, depois de ter sido vice-presidente  e chairman da ES Resources? Foi um cargo que a família Espírito Santo lhe arranjou por uma questão de estatuto e para receber comissões de negócios que também desconhece em absoluto, como o da compra de dois submarinos pelo Estado português e que lhe valeram uma comissão de um milhão de euros? O espectáculo foi tão penoso que se pode suspeitar que o senhor se pretendeu fazer passar põe retardado perante a comissão parlamentar de inquérito ao caso BES para alijar responsabilidades. Ou então é mesmo pateticamente incompetente – e foi um enorme erro a família tê-lo colocado em tal posto. Como a implosão do grupo mostra à saciedade.  

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