domingo, 15 de fevereiro de 2015

A PODRIDÃO DO SISTEMA


O sistema que actualmente governa o mundo tem como objectivo favorecer uma pequeníssima minoria de gente fabulosamente rica. Para esse efeito, todos os meios são passíveis de utilização, mesmo aqueles que mais lesivos se mostram para os interesses do Estado. Não estaremos muito longe da verdade se pensarmos que “aqueles que dispõem de fortunas avultadíssimas” pagam apenas os impostos que quiserem. É uma afirmação sem provas mas é a percepção do cidadão atento aos casos de suspeita de fuga ao fisco que vêm a público a toda a hora e que têm um ponto comum: envolvem sempre pessoas possuidoras de inimagináveis somas de dinheiro, muito dele com origem mais que duvidosa.
O escândalo SwissLeaks é apenas um dos últimos exemplos de que a podridão do sistema entrou em velocidade de cruzeiro. Infelizmente nota-se que a vontade de os governos colocarem um ponto final nestes desmandos é pouca já que se desconfia muito que, provavelmente, preferem dar-lhes cobertura. O texto seguinte de Nicolau Santos, que retirámos do Expresso Economia de ontem, confirma todo o raciocínio que aqui expressámos.
O escândalo SwissLeaks, para lá dos aspetos caricatos (com os portugueses que ninguém conhece mas que teriam milhões em contas na filial suíça do HSBC) ou formais (a maioria dos crimes associados a esta fuga de capitais já terá prescrito) vem de novo colocar em cima da mesa a questão incontornável dos offshores. Os offshores servem, no mínimo, para fugir aos impostos – e só estão disponíveis para uma camada muito reduzida de cidadãos, aqueles que dispõem de fortunas avultadíssimas. No máximo, servem para ocultar dinheiro de actividades ilícitas: droga, redes de prostituição, venda ilegal de armas. Para os governos democráticos deveria ser um imperativo acabar com os offshores. Mas se, como argumentam alguns, isso só é possível se todos os países atuarem ao mesmo tempo, então há uma alternativa: retirar a licença bancária a instituições financeiras que sejam coniventes com a fuga e evasão fiscais. Tenho a certeza que rapidamente escândalos como o SwissLeaks se tornariam residuais. 

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