domingo, 5 de abril de 2015

PRECONCEITO SOBRE ÁFRICA


Até numa situação de tragédia como a que ocorreu recentemente nos Alpes em que “o copiloto, sozinho na cabine, decidiu” despenhar um avião, levando à morte mais 149 pessoas cujo maior desejo seria viver, se descortina um enorme preconceito sobre África.
A explicação é simples. Todos nos lembramos de que em Novembro de 2013 um comandante suicida das Linhas Aéreas de Moçambique despenhou igualmente um avião contra o solo da Namíbia. Rapidamente ficou provado que não se tratou de um vulgar acidente mas de uma tragédia provocada intencionalmente.
Que medidas se tomaram então? Que se saiba, nenhuma. “O mundo encolheu os ombros” como afirma João Garcia no curto texto que transcrevemos a seguir do último Expresso. Aconteceu em África, o comandante do avião seria negro assim como toda a tripulação e a esmagadora maioria dos passageiros. Portanto, assunto resolvido.
Para o mundo desenvolvido, morrer um africano, particularmente, se for negro, ou um milhão pouca diferença faz. Daí que nenhuma media tivesse sido tomada para evitar a ocorrência de nova tragédia.
Só que agora sucedeu na Europa, “com europeus a bordo”, o suficiente para soar o alarme. Rapidamente se estudam medidas para evitar a repetição de uma desgraça do mesmo género.
Estamos pois, conversados…
Em Novembro de 2013, um avião das Linhas Aéreas de Moçambique foi atirado contra o solo, na Namíbia, por um comandante suicida que se trancou na cabina aproveitando uma ausência do piloto. Ficaram gravadas as pancadas na porta e os pedidos para que fosse aberta. O aparelho voava a 38 mil pés de altitude quando começou a descida para a morte. Levou sete minutos, morreram 33 pessoas.
O mundo encolheu os ombros. Foi em África.
Nos Alpes, um avião voava também a 38 mil pés quando o copiloto, sozinho na cabina, decidiu despenhá-lo. Levou 8 minutos até matar 150 pessoas.
O mundo está assustado. Foi na Europa, com europeus a bordo, com uma companhia e uma tripulação do país do rigor, da eficiência e da eficácia.
Agora, sim, estudam-se medidas corretoras. Mais um preconceito sobre África que custou caro.

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