domingo, 28 de junho de 2015

A COMUNICAÇÃO SOCIAL E O PODER ECONÓMICO


O controlo da comunicação social faz parte da acção do poder económico como forma de atingir os seus objectivos. Neste curto texto de Nicolau Santos que transcrevemos do Expresso economia de ontem, o jornalista cita dois de muitos exemplos que nos explicam por que razão os media são tão cobiçados pelo poder económico.
Quando lemos um jornal ou vemos um noticiário num qualquer canal televisivo, devemos estar cientes de que o que lá vem escrito ou é dito serve os interesses de alguém em particular e não os da maioria da população. Por exemplo, não é por acaso que actualmente a comunicação social está pejada de jornalistas e comentadores favoráveis às posições governamentais e do sistema neoliberal cujos tentáculos tendem a espalhar-se por todo o mundo. É claro que aparece um ou outro opositor que lá é colocado para compor o ramalhete mas cuja opinião é completamente abafada pelos apaniguados do sistema.
O que actualmente acontece relativamente à Grécia e ao seu governo – até o vocabulário usado – é paradigmático quanto ao que se pretende atingir: colocar os gregos como os maus da fita em contraponto com as posições de troika (ou das “instituições” como agora se diz) que só desejam o bem dos povos europeus. As vítimas transformadas em algozes e vice-versa. Não tenhamos a mais pequena dúvida!
Pressões sobre a comunicação social sempre existiram e continuarão a existir. Vêm do Governo, dos partidos e do sector privado. Há pressões no jornalismo político, económico, desportivo, cultural, na saúde, na educação. É errado. Em democracia, a verdadeira e mais perigosa pressão vem do poder económico. Como Daniel Oliveira lembrou no Expresso Diário, a “Forbes” escreveu sobre a forma como Isabel dos Santos acumulou a sua imensa fortuna. Como resposta, a empresária angolana comprou os direitos de edição da “Forbes” portuguesa. Por exemplo, o jornal “i”, controlado por Álvaro Sobrinho, revelou dados muito incómodos para Ricardo Salgado, com quem o empresário angolano está desavindo. É por isso que quando o presidente-executivo da Fosun, Liang Xinjun, que já controla a Fidelidade e a Luz Saúde e está na corrida ao Novo Banco, anuncia que o grupo chinês quer ainda investir no vinho, turismo e lazer e… media, acende-se uma luzinha vermelha. Mas pode ser só um curto-circuito.

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