domingo, 12 de julho de 2015

O CLUBE DOS CUMPRIDORES DE REGRAS EUROPEIAS



E estamos nós (europeus) entregues a esta gente!
O clube dos cumpridores de regras europeias constitui um autêntico grupo de personagens de ficção. Só pode ser esta a classificação que merecem, tendo em atenção o rico currículo que apresentam em termos de acções pouco claras no desempenho de funções públicas. E por lá continuam, a massacrar povos inteiros em nome dos mercados e do capital financeiro, afinal, aqueles a quem devem obediência e não aos que os elegeram com o seu voto.
É preciso aproveitarmos todas as oportunidades para desmascarar estes trapaceiros e mostrar ao povo a sua verdadeira face, ainda que tenham à sua volta um exército de construtores de imagem pagos a peso de ouro para branquearem caracteres pouco recomendáveis.
O seguinte texto foi extraído da Revista 2 do Público de hoje (*) de um artigo onde é abordada a personalidade de Jeroen Dijsselbloem, um “socialista” holandês Presidente do Eurogrupo.
Esta curiosa personalidade nasceu a 29 de Março de 1966 em Eidhoven. Isto é no ano do “Mundial de Eusébio” e na terra do histórico clube de futebol PSV. Está explicado um dos maiores mistérios do aspecto singular deste falador holandês: nasceu para comentador de futebol e por isso é tão parecido na fluência, nas gravatas, nos óculos, no suor na testa e no gel do cabelo com o “dr. da bola” da SIC. Infelizmente para todos nós, o exemplar holandês de Rui Santos foi desviado para um desporto ainda mais dado a esquemas, fraudes e vaidades: a política europeia.
E, se bem o começou, melhor o desfez: é o último nome de uma série de figuras notáveis pelas suas classificações arrepiantes para governar, com toda a confiança, a Europa Unida. Temos Junker, presidente da Comissão Europeia, que enquanto primeiro-ministro do Luxemburgo assinou acordos secretos de fuga fiscal com todas as multinacionais. Temos a senhora Lagarde, que em França perdoou as dívidas fiscais a Bernard Tapie, talvez o maior trânsfuga a norte dos Pirenéus. Temos o ministro Schäuble, cabecilha do mega-escândalo do financiamento ilegal da CDU alemã. Temos o espanhol Rajoy, que durante anos recebeu todos os meses milhares de euros numa caixa de sapatos. Temos o Coelho Imperfeito, em Portugal, que optava deliberadamente por não pagar a Segurança Social porque “não sabia”. E agora temos um Jeroen Dijsselbloem que inventou um mestrado em Economia e Negócios na Universidade de Cork na Irlanda quando afinal só lá andou una meses a estudar a Indústria dos Lacticínios e não terminou nada, nem sequer há mestrado sobre esse assunto.
Bem-vindo ao clube dos cumpridores das regras europeias, senhor Jeroen Dijsselbloem.
Uma das características mais notáveis do senhor é pertencer nominalmente ao grupo socialista europeu e, ao mesmo tempo, achar que os mercados e os governos não têm nada de ideológico quando optam pela destruição do Estado social, pelo esmagamento dos mais pobres e pela privatização total de sectores energéticos. O sistema da União Europeia, no fundo, limita-se a admitir que nada pode mudar na economia e que os governos só têm de cumprir o que pedem os mercados. Nem que implique afundar povos na miséria e no desemprego para pagar dívidas impagáveis (mais tarde ou mais cedo se reconhecerá a verdade, mas o mais tarde possível, chiu até lá). Jurar que uma opção destas não é ideológica é revelar-se a si próprio um empedernido ideólogo.
(*) Rui Cardoso Martins

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