sábado, 22 de agosto de 2015

MARIANA MORTÁGUA ENTREVISTADA PELA REVISTA E


A Revista E do Expresso publicou este sábado uma longa entrevista com a deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, da qual retirámos as seguintes afirmações:

Quem me conhece sabe que há poucas coisas que me tiram mais do sério do que ficar à espera de alguém.
É preciso muita humildade na vida.
O que é importante para mim, é participar no mundo.
Era maria-rapaz porque cresci ao ar livre, no campo, e porque os meus pais sempre foram descontraídos.
[Os pais] sempre quiseram saber a opinião [das filhas].  
A história do assalto ao “Santa Maria” não é igual aos 12 e aos 19 anos, conhecendo a história do país e a sua realidade política.
[Os assaltantes do “Santa Maria”] mostraram que, perante a incapacidade de outros furarem o regime, houve quem conseguisse fazê-lo.
A minha relação com Francisco Louçã sempre foi muito equilibrada, de igual para igual.
Quando se chega ao Parlamento e se começa a dar a cara, a primeira coisa que faz confusão nem é a quantidade de trabalho, que é grande, é o ritmo, que é alucinante.
Todos os deputados [do Bloco] trabalham muitíssimo, e só assim é possível.
Ninguém a credita que um homem como Zeinal Bava não soubesse como é que as decisões eram tomadas, tal como ninguém acredita que Ricardo Salgado não soubesse nada do que se estava a passar.
O que me é exigido em termos de razoabilidade e de calma não é exigido à maior parte dos homens.
Para mudá-lo [o mundo], temos de ter hegemonia, convencer as pessoas de que há um projeto alternativo e ter poder de governar.
Sempre achei que só era possível mudar a relação de poder na Europa havendo respeito por um governo eleito e nunca pensei que esse respeito pudesse ser quebrado.
[Passos Coelho] está de acordo com a imposição desta política de austeridade, que não serve para sair da crise.
As pessoas não têm noção de como é fácil, legítimo e aceitável fugir aos impostos, nos grandes negócios, em Portugal e no mundo, nem da desigualdade que há entre os impostos pagos por uma pessoa que ganha 1500 euros por mês e uma empresa que ganha milhões.
 [Há partidos] que olham para o país e só vêem negócios e mercados.
A Grécia deu uma lição de democracia à Europa e foi esmagada.
O capitalismo tem uma vertiginosa tendência para destruir tudo por onde passa, com a sua lógica de acumulação.
Depois da crise temos um capitalismo ainda mais violento e agressivo, com características mais autoritárias.
A opção de crescimento tem de ser alterada.
Hoje, o nosso objetivo de vida não pode ser apenas gerar, acumular riqueza. Mas criar bem-estar.
Os interesses financeiros são sempre interesses de curto prazo.
Na lógica dos mercados, cada um age de acordo com o seu melhor interesse, e é por isso que é preciso existir um Estado que pondere os elementos e decida sobre o bem comum.
Na Europa não há espaço para qualquer governo que não sirva os interesses económicos do centro da Europa e dos mercados financeiros.
O que a Grécia nos mostrou é que a União Europeia em que vivemos, dominada pelas instituições que conhecemos, não tolera quem pensa de modo diferente e quem queira ter políticas diferentes.
O que existe é uma imposição de uma série de interesses.
Acho que há um projeto político alternativo e que é possível de ser implementado. É o projeto que o Bloco propõe e que o Syriza propõe, que é a reestruturação da dívida, a reforma fiscal, o investimento público em atividades que seja úteis à sociedade.
A forma como as instituições europeias estão a lidar com a Grécia vai ser a médio prazo a condenação da própria União Europeia.
O que podemos fazer enquanto esquerda, com o que se passou na Grécia, é estarmos preparados para ter de romper.
Na História não há inevitabilidades.
O Bloco de Esquerda deve ser a voz da alternativa.

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