quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A RAZÃO PALESTINIANA


Por tudo quanto se vê, ouve e lê, não será exagero pressentir que, se pudessem, os sucessivos governos de Israel procederiam ao extermínio do povo palestiniano. E não escondem esse desígnio caso alguma vez tenham possibilidade de o implementar.
Por resolução da ONU, foi estabelecido o estado de Israel em 1948 mas ficou por implementar outra parte da mesma resolução que contempla o estabelecimento do estado da Palestina. E aqui está o cerne do conflito entre israelitas e palestinianos que dura há quase sete décadas. Do fim dos anos 40 do século XX para cá, não se avançou nada para além do acirrar do ódio entre os dois povos e de várias guerras, com o seu natural cortejo de vítimas, para além das que vão tendo lugar todos os dias.
É claro como água que toda a razão está do lado palestiniano quando exige o cumprimento de uma resolução da ONU, para não falarmos de outras mais recentes que têm vindo a condenar Israel pela ocupação de território que não lhe pertence. Por isso mesmo, é de elementar justiça toda a solidariedade para com o povo palestiniano, cuja voz é a todo o momento abafada em detrimento da propaganda sionista.
E porque a solidariedade se deve traduzir em acções concretas, aqui divulgamos um artigo de opinião do embaixador da Palestina, Hikmat Ajjuri, que transcrevemos do Público de hoje.
Recomendamos vivamente a sua leitura.
Israel nasceu através de uma resolução da Assembleia Geral da ONU 181 "Plano de Partilha", aprovada em 1947. Só metade dessa resolução foi implementada em 1948, quando um estado de "Israel" foi estabelecido. A outra metade, que é o estabelecimento do Estado da Palestina, ainda está à espera de implementação até hoje.
Por outro lado, a aceitação de Israel como um Estado Membro das Nações Unidas, em 1949, deu-se com as condições de este se comprometer na criação do Estado da Palestina e no regresso de todos os palestinianos que foram forçados a deixar as suas casas, nas mãos de gangues Sionistas, durante a guerra de 1948, mais conhecida por a Nakba palestiniana (catástrofe).
Como é evidente, os detalhes das atrocidades nas mãos das forças de ocupação israelita, contra os palestinianos atualmente, tornaram-se bem conhecidos e bem documentados, local e internacionalmente. Todos os dias civis palestinianos, incluindo crianças e mulheres, são atacados, mortos a sangue frio e feridos pelas forças de ocupação israelita, soldados e colonos terroristas. Todos os dias, estão a ser detidos e aprisionados civis palestinianos, são implementadas medidas de punição colectiva, tal como demolições de casas que deixam famílias inteiras desabrigadas, ao mesmo tempo que as restrições ao movimento dos palestinianos os sufoca ainda mais e desencadeia um impacto negativo em todos os aspectos da sua vida socioeconómica.
A Comunidade Internacional, representada pelas Nações Unidas, apelou em muitas ocasiões a Israel, o poder ocupante, para congelar todas estas acções desumanas e para abdicar de todas as suas outras acções ilegais, como por exemplo o roubo de mais terras palestinianas para construir colonatos e transferir os seus cidadãos para lá, no entanto sem sucesso. A selectividade na aplicação do Direito Internacional e as suas almofadas, no caso das violações israelitas e na falta de acções contra essas violações, concedeu, consequentemente, a Israel um estatuto de país acima do Direito Internacional e, como resultado disso anulou todas as resoluções pertinentes da ONU.
Apesar de tudo o que foi mencionado, a Comunidade Internacional adoptou a solução de dois Estados como uma solução, internacionalmente reconhecida, para o conflito israelo-palestiniano de quase 70 anos. Neste contexto, o estatuto da Palestina foi actualizado para o de um Estado não-membro da ONU. Israel, desde a assinatura dos Acordos de Oslo, tem, aparentemente, aprovado  esta solução de dois Estados publicamente, mas tem agido, explicitamente, contra a sua implementação.
Todos nós ainda nos lembramos da declaração de Netanyahu, a este respeito durante a sua campanha eleitoral, dizia que não haveria nenhum Estado palestiniano enquanto ele estivesse no cargo. Esta declaração irresponsável mostra bem que todos aqueles que colocaram Netanyahu no poder (a maioria) são contra a solução de dois Estados.
O Vice-Ministro da Defesa de Israel, Eli Ben-Dahan, disse a 9 de Outubro do passado ano, "os palestinianos têm de entender que não terão um estado, e que Israel irá dominá-los." De acordo com o Centro de Jerusalém para os Assuntos Públicos, 75% dos judeus israelitas opõem-se a uma solução de dois Estados, independentemente do que quer que seja. O mesmo Eli Ben Dahan disse em 2013, quando era Vice-Ministro dos Serviços Religiosos: "Para mim, eles (os palestinianos) são como animais, nem sequer são seres humanos." Dois anos depois, Benjamin Netanyahu convidou Dahan para ser Vice-Ministro da Defesa.
Em conclusão, está a ficar claro como água que desde que Netanyahu assumiu o seu cargo, em 1996, a liderança israelita foi, constantemente, enganando o mundo, fazendo todos os possíveis para encobrir o seu lento assassínio da única solução internacionalmente aceite para o conflito israelo-palestiniano - os dois Estados. O resultado natural deste desafio israelita ao Direito Internacional, é este terror na região e fora dela. Localmente, o resultado revela-se com a juventude palestiniana a tomar a lei nas suas próprias mãos, pois sentem que foram traídos pela Comunidade Internacional e rejeitam, absolutamente, viver sob um regime de apartheid no que é chamado de Israel.
A Paz na Terra Santa, única garantia possível da estabilidade na região, só será alcançada através da implementação da solução de dois Estados, com base nas pertinentes Resoluções das Nações Unidas.

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