segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

SOLIDÁRIOS COM O POVO MÁRTIR PALESTINIANO



Todas as oportunidades para manifestarmos a nossa solidariedade para com o povo mártir palestiniano não são demais, tendo em atenção que constituem um pequeno contributo para evitar o seu extermínio pelos ocupantes israelitas do território que legalmente lhes pertence. Trata-se de uma situação conhecida e inadmissivelmente tolerada por toda a comunidade internacional, com os Estados Unidos à cabeça. Também não é demais repetir que todas as resoluções da ONU – e não foram poucas – condenando a ocupação israelita do território palestiniano foram olimpicamente ignoradas pelos sucessivos governos judaicos, mais uma vez, com a complacência norte-americana. É uma situação intolerável e sem qualquer cobertura pelo direito internacional.
Dar a voz ao embaixador palestiniano, Hikmat Ajjuri, publicando aqui um texto por ele assinado no Público, é um acto de pura justiça na denuncia das atrocidades cometidas pelo governo israelita.
A revolta palestiniana que emergiu a Outubro do ano passado, na Jerusalém Oriental ocupada, é o resultado natural de 57 anos de perseguição a palestinianos pelas forças de ocupação israelita; exército e colonos. Este facto foi, directa e indirectamente, afirmado por muitos políticos no mundo, incluindo o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Kin-moon.
Na terça-feira 26/1/16, o Sr. Ki-moon disse que a resposta da juventude palestiniana à ocupação israelita, como qualquer resposta à ocupação, faz parte da "natureza humana". Acrescentou também que a "frustração palestiniana está a crescer sob o peso de meio século de ocupação e da paralisação no processo de paz." Dizendo que a "Ocupação, muitas vezes, serve como uma incubadora potente de ódio e extremismo".
Esta verdade incontestável foi enganosamente respondida pelo Primeiro-Ministro Israelita, Benjamin Netanyahu, que disse que as observações de Ki-moon "incentivam o terrorismo."
As cinco décadas de silêncio da Comunidade Internacional perante todos os crimes de Israel, o poder ocupante, contra os palestinianos foram interpretadas pelos israelitas como um endosso dos seus crimes. Por outro lado, foram interpretadas pelos palestinianos como complacência e traição da Comunidade Internacional aos seus próprios valores e leis, como as leis do DIH criadas para servir as legítimas aspirações de todas as nações, incluindo a palestiniana, para viverem em paz, prosperidade e com dignidade nos seus próprios países soberanos.
Para além desse silêncio vergonhoso, há uma indiferença por parte da Comunidade Internacional perante, por exemplo, o assassinato de uma criança palestiniana, a sangue frio, nas ruas da Jerusalém Oriental ocupada, ou perante o atropelamento, por um Bulldozer israelita, da jovem americana, Rachel Corrie, pelo seu protesto contra as atrocidades israelitas. Esta atitude da Comunidade Internacional teve o efeito faísca na instabilidade e violência que atinge todos os lados da região e agora além das fronteiras.
Qualquer estratégia global da UE que vise sustentar a paz e prosperidade de todos os europeus nunca terá sucesso enquanto essa estratégia não tomar em conta os valores europeus.
Manter o dedo da Europa a toda hora no gatilho, em nome da segurança e defesa, não só é um processo muito cansativo, como também ficou provado ser uma abordagem errada que não serve a uma estratégia europeia significativa.
A democracia é um valor europeu que deve ser mantido, a fim de manter o sistema europeu sano, seguro e construtivo. O silêncio europeu perante crimes realizados por uma suposta democracia, "Israel", e perante o seu controle da vida dos palestinianos contra o seu desejo e a sua vontade, é uma contradição total deste valor.
Referência importante da estratégia europeia é o reconhecimento, pelos líderes das democracias ocidentais, incluindo os Estados Unidos, da opressão israelita de milhões de palestinianos sob ocupação, algo que se tornou ferramenta de recrutamento fulcral para o terror que se está a tornar pior que um cancro incontrolável.
Neste contexto, vale a pena questionar se a actual coligação de sessenta países está, verdadeiramente, a lutar contra o Daesh para acabar com o terrorismo, ou, pelo contrário, não-intencionalmente ou por ignorância, está a fortalecê-lo.
Mesmo sabendo das ferramentas utilizadas por este maldito terror para promover os seus crimes, para recrutar “cérebros lavados” de jovens de todo o mundo, a experiência com o Afeganistão e a guerra contra a Al-Qaeda provou que as democracias ocidentais precisam rever as suas estratégias globais para manterem os seus sistemas civilizados, cujos núcleos, são os direitos humanos e a democracia. As novas gerações do mundo em desenvolvimento, incluindo o Médio Oriente, já não têm medo de ditadores e aproveitam as tecnologias que fazem do mundo uma pequena aldeia.
Nesta aldeia, os valores humanos partilhados devem ser observados com base na sabedoria de Martin Luther King "A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo o lado".
Por fim, inspira-me a corajosa atitude tomada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Fabius, ao apelar a uma conferência internacional, como meio não-violento de acabar com a ocupação militar israelita do Estado da Palestina, que dura há décadas.
Talvez, tenha chegado o momento de uma nova estratégia europeia que adopte esta iniciativa de paz francesa, como alternativa eficaz ao poder militar que, até agora, só provou o seu fracasso na guerra contra o terror.

Sem comentários:

Enviar um comentário