segunda-feira, 27 de junho de 2016

ENTREVISTA DE MARIANA MORTÁGUA AO i



Na véspera do início da X Convenção do Bloco de Esquerda o jornal i publicou uma longa entrevista a Mariana Mortágua. Com algum atraso aqui deixamos os pontos fortes dessa entrevista da deputada do Bloco de Esquerda.
Não acho excessivo o maior banco português [a CGD] ter uma grande recapitalização.
Um banco [a CGD] que tem quase 25% dos activos do sistema bancário deve ter uma recapitalização em proporção dos activos que tem.
O PSD e o CDS querem mostrar que a CGD é tão mal gerida como qualquer banco privado , e sendo indiferente se a propriedade é pública ou privada, mais vale deixar entrar dinheiro privado na CGD.
[A CGD] está a meio de um processo de recapitalização. Não acho que neste contexto uma comissão de inquérito seja o método mais prudente e eficaz de investigar a Caixa.
Não há razões para temer uma auditoria forense [à CGD]. Não é feita na praça pública.
A Comissão Europeia é movida por uma visão ideológica. Não quer um sistema financeiro público ou que obedeça a critérios públicos.
A caixa foi instrumentalizada para negócios que não eram benéficos para o interesse público.
Naquilo que estiver ao nosso alcance, não permitiremos que um processo semelhante [de dispensa de pessoal] se passe na CGD.
Há uma enorme confusão sobre o que é o papel do BdP no sistema financeiro.
[O BdP] é mais uma vez uma entidade que não aceita ser escrutinada.
Seria importante chegarmos á conclusão que a intervenção no Banif foi a pior solução de todas, e só foi feita porque foi imposta pelas autoridades europeias.
Se alguma vez formos colocados numa situação em que a UE nos diz que o nosso programa económico e social não pode ser implementado apenas porque eles não deixam, temos de ter uma cláusula de salvaguarda e de saída que nos permita, de forma soberana e democrática, implementar um projecto que é sufragado e votado pelo país.
O que aconteceu na Grécia diz-nos que há instituições europeias que estão dispostas a ultrapassar qualquer regra para manter o seu plano ideológico.
Acho que o próprio Syriza não sabe muito bem o que é.
A pressão das instituições europeias torna muito difícil para os diversos governos e partidos terem uma atitude puramente confrontacional.
[A social democracia] institucionalizou o neoliberalismo.
Hoje não temos mecanismos para combater fenómenos especulativos dos mercados financeiros sobre a dívida pública, não temos mecanismos para controlar capitais, não temos mecanismos para determinar o que o BCE faz.
Enquanto houver a obsessão do défice não teremos recursos necessários para a política de crescimento económico que seria absolutamente necessária ao país.
Nós [Bloco] não temos nenhum fetiche pelo poder.
Não faz nenhum sentido o Bloco manter-se num acordo e apoiar um orçamento se o nível de exigência não for o máximo.
Temos de perceber que nem a geringonça está em permanente risco de se dissolver nem há uma relação em que alguém esteja no bolso do outro.
A estagnação e a instabilidade que se vive em Portugal e na Europa coloca-nos desafios importantes.
A precariedade causa desemprego no médio e longo prazo.
Não há divergências políticas de fundo dentro do partido.
[Dentro do Bloco] aconteceu uma remodelação geracional que funcionou.
Não nos podemos esquecer que o que faz um partido é o seu projecto colectivo.
Estou habituada a ser tratada com condescendência.
[Na comissão do BES] não fiz absolutamente mais nada do que dizer aquilo que passava na cabeça de toda a gente.

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