sexta-feira, 14 de outubro de 2016

LOBOS COM PELE DE CORDEIROS


A forma inqualificável como os taxistas levaram a cabo o protesto da passada segunda-feira, teve duas péssimas consequências: 1) Conseguiram a quase unanimidade dos portugueses contra as suas reivindicações, deixando uma imagem da classe profissional completamente enlameada e que vai levar anos a limpar; 2) Promoveram ainda que involuntariamente a imagem da Uber, de tal modo que uma parte da opinião pública passou a demonstrar clara simpatia por aquela multinacional.
Ora, acontece que, depois de o pó levantado pela concentração de taxistas assentar, muita gente começou a debruçar-se sobre a essência do problema em apreço para chegar à conclusão de que os taxistas não são verdadeiramente os maus da fita, para além dos desacatos que provocaram. Estamos, sim, perante um lobo que se veste com pele de cordeiro. De facto, a Uber foi a grande beneficiada da concentração dos taxistas mas não se encontra instalada em Portugal para proporcionar aos nossos cidadãos um serviço de qualidade na área dos transportes, colmatando assim as deficiências do serviço dos táxis. A finalidade última das multinacionais como a Uber é destruir a concorrência e conquistar o mercado cobrando taxas muito baixas numa fase inicial para, depois, subir os preços como melhor lhes aprouver.
Aliás, há ainda outra característica das chamadas empresas da “economia de partilha” como a Uber que é a transferência do“risco do negócio das empresas para os trabalhadores” destruindo os direitos do trabalho e afundando os salários, como se pode perceber numa reportagem sobre condutores da Uber em Los Angeles que recolhemos no site dos Precários Inflexíveis.

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