terça-feira, 22 de agosto de 2017

RUI BARRADAS, CANDIDATO DO BLOCO À CÂMARA DE SILVES, ENTREVISTADO PELO JORNAL DO ALGARVE



Trata-se de uma entrevista não presencial, tal como aconteceu em relação aos outros candidatos, feita pelo Jornal do Algarve, através de perguntas enviadas por e-mail.

1 – Candidata-se porquê e para quê?
A minha motivação é mostrar que é possível um concelho bem melhor, apoiando –me nas minhas ideias e crenças políticas. A minha aposta é transpor o meu discurso para a prática, usar a minha energia não para criticar, mas para agir. Esta é a minha principal vontade e compromisso político.
Há uma taxa importante de participação nas eleições municipais em Portugal, os eleitos municipais têm uma representatividade de proximidade. Os eleitores, são pessoas que conhecemos, que podem ser encontradas. Então, eles têm uma
'realidade'; as pessoas sentem mais preocupação e interesse nas eleições autárquicas do que noutras eleições. Intuitivamente, eles sabem que a sua opinião será tida em conta.    
Eu vejo duas causas para a perda de confiança no mundo político em geral: por um lado, a grande diferença entre o discurso e os actos. O discurso político continua a acreditar que o crescimento económico é ainda possível enquanto as pessoas têm cada vez mais dificuldades em levar as suas vidas diárias. E, por outro lado, a crença no bem-estar que na realidade só alguns têm. De repente, as pessoas sentem-se abandonadas, traídas. É aqui que os eleitos municipais devem fazer a diferença, entregando-se de verdade à causa das pessoas, dos seus eleitores.
Tenho grande prazer em disputar este sufrágio municipal, função que não me atrai pelo protagonismo mas sim pela magia de estar com o povo e para o povo. O que me inspira é aprender a viver juntos, para aumentar a consciência que o comum está em cada um de nós. Eu acredito nas pequenas acções, pequenas revoluções não necessariamente ruidosas, mas que gradualmente se multiplicam para se tornar um padrão de governo autárquico para Silves. É importante que nos dias de hoje surjam cada vez mais iniciativas, defendendo a autonomia, um sistema mais justo e novos valores. Contudo, é também importante que a nível local as políticas tenham um grande papel a desempenhar para apoiar estas iniciativas e para encorajar a todos na tomada de responsabilidades para que Silves caminhe na direcção certa, na direcção do progresso.

2 – Consegue reduzir a sua campanha a uma só ideia?
Democracia participativa
Administrar, ordenar o território constitui uma das missões fundamentais de um estado moderno. Gerir os espaços quotidianos e de proximidade no quadro de descentralização de democracia local, assegurar o controlo administrativo e financeiro na acção pública, antecipar o futuro para assegurar um melhor desenvolvimento graças à perspectiva, devem ser os objectivos essenciais do poder local. Promover debates populares no concelho e dar o grande salto para uma democracia moderna, dar definitivamente voz aos munícipes. Melhorar o funcionamento das instituições e melhorar a compreensão sobre as questões da sociedade e da forma como devemos encontrar as soluções certas para o município de Silves.

3 – Quais serão as linhas que identifica como prioritárias?
Coesão Territorial, Consulta Popular e Desenvolvimento
Sustentável.

COESÃO TERRITORIAL – Acabar com as assimetrias entre o território urbano; periferia urbana e o território rural. Devemos propor e promover acordos de reciprocidade no sentido de estruturar as trocas e complementaridades entre a sede de concelho Silves e o seu ambiente imediato, as suas freguesias. Ambicionando, apoio a projectos em benefício de cada território e de acordo com os pontos fortes de cada um, combinando instituições económicas e parceiros da comunidade e dando mais credibilidade às políticas públicas. Para que este processo resulte, o Bloco de Esquerda propõe um reforço de cumplicidade entre a sede de concelho e as suas juntas de freguesia independentemente do campo político que nelas opere.
As pessoas em primeiro lugar, este é o único caminho para o sucesso da Coesão Territorial.
CONSULTA POPULAR – Todas as decisões tomadas pelo executivo municipal tem um impacto directo na vida dos munícipes, muitas vezes impactos negativos. É aqui que nos devemos perguntar, que tipo de sociedade é que nós queremos para nós e para os nossos filhos?
Porque não temos todos, uma palavra a dizer sobre o que é aprovado ou não no nosso território? É importante que todos os moradores, de qualquer área do concelho, possam expressar a sua opinião a fim de contribuir para a escolha do futuro e ambiente que querem para a sua área de residência. Para isso existem os referendos municipais que reforçam e melhoram a democracia. Como resultado de uma consulta popular, se o resultado não tem nenhum valor jurídico de vinculação, é simbolicamente importante. Se uma grande parte da população apoia ou rejeita um projecto, que legitimidade têm os decisores para ir contra o voto popular? Acima de tudo é um exercício de democracia participativa. As autoridades municipais devem assumir um compromisso leal e verdadeiro para com os munícipes.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Os problemas de hoje aumentarão e são diversificados devendo apostar na correcção dos mesmos para um caminho mais inclusivo nas áreas que directamente ou indirectamente regem a vida dos cidadãos.
O Bloco de Esquerda de Silves propõe, desenvolver e aplicar em conjunto com a sociedade civil, empresarial e o estado, programas de desenvolvimento baseado nos valores patrimoniais ecológicos e urbanos, nos produtos locais e saberes tecnológicos ancestrais que se vão perdendo, e aplicar e desenvolver acções de incentivo do auto emprego das populações ou programas de fixação da população em locais onde o despovoamento se acentue, erradicação de pobreza, para que de uma forma económica equilibrada criar mais-valias para as populações das freguesias do município de Silves possuam melhor qualidade de vida. Sem deixar de ter em atenção a aplicação de acções de prevenção e correcção de riscos naturais.

4 – O que pode fazer de tão diferente que os outros candidatos não possam estando na liderança do concelho?
Reservo-me o direito de colocar esta questão de outra forma. “ o que pode fazer de tão diferente ?”. Considero que esta seria a pergunta certa e que vai ao encontro do meu modo de estar na política. A questão do que os outros candidatos possam fazer ou não, será uma questão que lhes terá que colocar a eles. A respeito de quem está na liderança do concelho, o que podem fazer ou não é relativo, e o querer? Será que existe realmente vontade política para colocar o concelho no lugar que lhe é merecido? Será que temos mais uma vez a velha máxima de que depois de eleições ganhas é deixar passar os quatro aninhos que já cá cantam e depois logo se vê?
O que posso fazer de tão diferente? Por exemplo aplicar a minha experiência de vida internacional. Vivi na Suiça até aos meus 18 anos, mais propriamente em Genebra. Já trabalhei em vários países da Europa, nomeadamente França, Inglaterra, Itália. Posso garantir-lhe que muito aprendi sobre sociedade moderna e sobre como viver nela. Desde a desburocratização que existe noutros países e que simplificam de verdade a vida das pessoas, em Portugal continua um horror para se tratar seja o que for. O rigor urbanístico que em Portugal só em sonhos, porque o poder local continua a ceder a favores, mostrando que o fim, ou pelo menos uma diminuição significativa da corrupção no poder local é uma miragem. O respeito pelo ambiente é uma realidade em vários países da Europa, enquanto em Portugal continuamos aquém de alcançar um bom nível. O encaminhamento dos jovens para as mais variadas profissões, mas a sério. Em Portugal colocou-se na ideia dos jovens que todos têm que ser doutores, infelizmente tudo não passa de estatística.
O poder local tem cada vez mais importância e obrigação de responder às necessidades das populações. Pois é nos municípios que tudo começa.

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